No cenário internacional, o rock vive um momento de explosão de bandas. Novos grupos surgem a cada dia e são descobertos pela garotada pelo principal meio de divulgação da música hoje em dia: a internet. As grandes gravadoras, mesmo com certo atraso, estão antenadas com esse movimento e acabam contratando as principais revelações surgidas na rede.
Enquanto o mundo do rock ferve lá fora, no Brasil, as gravadoras continuam apostando em fórmulas que consideram "certeiras", tornando-se fábricas de clones do que acham que vai agradar o público jovem. O modelo atual é personificado por Chorão e seu Charlie Brown Jr. As "novidades" do mercado são apenas derivações com poucas diferenças seja no som ou na atitude da banda da Baixada Santista.
Um desses subprodutos está lançando este mês seu terceiro CD. A banda carioca Detonautas Roque Clube também conhecida por seu integrante Cléston, figura carimbada da competição de futebol Rock Gol da MTV apresenta Psicodeliamorsexo& distorção. Apesar do quilométrico e diferente nome, não há nada original nas 13 faixas do álbum, que repetem o rock acelerado comum às das bandas do gênero.
Em algumas canções, nota-se ainda a influência (decalque) do que está fazendo sucesso na música internacional no momento, com algumas pegadas mais dançantes. A banda soa como The Killers em "Sonhos Verdes" e The Strokes em "Dia Comum". A produção do gaúcho Edu K (da banda De Falla) não alterou os rumos do sexteto formado por Tico Santa Cruz (voz), Tchello (baixo), Fábio Brasil (bateria), Rodrigo Netto (guitarra), Renato Rocha (guitarra) e o já citado Cléston (DJ responsável pelas pickups e percussão).
A audição das músicas serve para comprovar que o vocalista autor de quase todas as letras do disco canta igual a Chorão, até com a mesma entonação, diferenciando-se do paulista apenas pelo sotaque carioca. Entre o repertório, uma canção bem representativa do trabalho do grupo é "Não Reclame Mais", que tem os "delicados" versos "Mas eu só quero trepar com você/ Se tu não quer então me deixa em paz (sic)", mostrando que não só de músicas positivas vive os Detonautas nos discos anteriores, a banda até fez videoclipe politicamente correto, contra a violência no trânsito.
O que chama a atenção mesmo é a faixa "Insone", de inacreditáveis 18min30s e que, incrivelmente, é a mais interessante do registro, com mudanças de andamento, alternando momentos leves e pesados. Seria ótima se não fosse a idiotice de incluir dois minutos de silêncio no meio dela, finalizando depois com alguns minutos de ecos e efeitos de mesa de som.
O que falta ao Detonautas, como à maioria das bandas semelhantes, é personalidade e também um mínimo de originalidade, quesitos básicos para um artista marcar seu lugar na música. GG
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