Lily James está no papel de Ella, “a menina gentil para sempre.”| Foto: Divulgação

Afinal, por que Cinderela não foge da casa da madrasta, se é tão maltratada? O filme de Kenneth Branagh, que estreou nesta quinta-feira (26), explica. Durante uma boa meia-hora, o longa se propõe a construir e fundamentar o drama da moça, mostrando sua infância feliz ao lado dos pais, quando é chamada de Ella, aprende a falar francês e dançar valsa, e, principalmente, quando a mãe a molda conforme sua própria personalidade. Antes de morrer, doente, ela faz Ella (Lily James) prometer que será corajosa e gentil para sempre.

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O juramento, aliado ao apego à mansão adorada dos pais, a faz aceitar o bullying em que se vê após o recasamento do pai e a morte dele. E todo esse preparo garante que amaremos a garota até o fim.

É fantástica a atuação de Cate Blanchett como a madame com quem ele havia decidido tentar ser feliz de novo. Não uma bruxa por fora, e sim uma mulher deslumbrante e com modos finos. Por dentro, porém, carrega a mágoa da perda de dois maridos (ninguém que lê o conto pensa na dor e abandono que ela sentiu).

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“Por que você é tão cruel?”, questiona Cinderela, depois de conhecer o príncipe, ir ao baile e ver a madrasta quebrar seu sapatinho de vidro.

“Porque você é linda e boa. E eu...” Não precisa dizer mais nada.

O encontro com o príncipe (Richard Madden), que ela pensa ser apenas um aprendiz do castelo, a anima a sofrer muitas pancadas mais.

Comédia

Outro ponto forte do filme é a chegada da fada madrinha (Helena Bonham Carter). Em chave de comédia, que satiriza a magia tresloucada da abóbora e dos ratinhos, ainda que mantendo esses elementos, a atriz dá um show em seus 15 minutos de “fama”.

Brinca também com as referências do desenho da Disney que fixou para sempre a imagem de Cinderela: o vestido tinha de ser azul. O filme encaixa até os elementos fantásticos: o sapatinho não desaparece após as badaladas porque é a única coisa criada pela fada, ao invés de transformada.

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Esse é o momento que aproxima este Cinderela da linha adotada pelo estúdio DreamWorks em seu Shrek, em que do começo ao fim se assiste a uma sátira, mas com final feliz.

É possível que um afastamento um pouco maior da rigidez do conto de fadas, expandindo a graça da madrinha alada para outros momentos do filme, o tornasse maravilhoso no lugar de superlegal.