Como você define seu livro?
É como um romance de formação, e ao mesmo tempo, um livro lúdico, mesclado com minha vida. É uma semibiografia, porque tem também ficção em poemas e contos. Afinal, sou um homem do teatro. É um livro que tem jogo. Dei esse título pensando nas cartas de navegação, com as quais os marinheiros portugueses conseguiam vencer etapas da viagem ao desconhecido.
Como recuperou tanta informação referente a 50 anos?
Tenho uma memória muito ativa e presente. Além disso, fiz uma exposição retrospectiva com os Correios em 2006, quando reuni toda minha obra. O primeiro espetáculo que cenografei no Brasil foi As Troianas, na versão do Sartre. Depois veio o Rei da Vela, em 1967.
Vocês sabiam que estavam fazendo história naquele momento?
A gente nunca sabe. Montamos numa época bastante conturbada da nossa história, e para isso estudamos bastante o Oswald [de Andrade, autor do texto]. Eu conhecia o Teatro Oficina [responsável pela montagem] de encontros na Europa, em Praga e Paris.
O que foi cortado pela censura?
Tínhamos um totem fálico que fuzilava as pessoas. Cortaram. Mas de resto, a peça era tropicalista, exuberante, e o governo apoiava esse nacionalismo mas o nacionalismo de Oswald era crítico...eles não entendiam.
O teatro dos anos 60 era mais político?
Os artistas viviam aquilo. Naquela época era mais político hoje está um pouco perdido, entre comédias mais ligeiras e sem muito conteúdo. O Arena, o Oficina, mesmo o TBC [Teatro Brasileiro de Comédia] e outros grupos eram pessoas muito ativas e os textos tinham mais conteúdo.
Você cenografou para artistas importantes da música brasileira. O que trouxe do teatro para os shows?
O show é minimalista. Uso mais as artes plásticas. Geralmente faço uma escultura suspensa, uma tela de fundo... é um espaço de música muito cheio de imagens, e a música me inspira muito. O que mais gosto de fazer hoje em dia é cenografia de show.
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