Ficha da prisão de Sônia Hadad Hernandes, divulgada pela polícia de Palm Beach, nos EUA| Foto: Divulgação/Polícia de Plam Beach

Filmografia básica

Meryl Streep

O Franco Atirador, Manhattan, Kramer Vs. Kramer, A Mulher do Tenente Francês, A Escolha de Sofia, Entre Dois Amores, Silkwood – Retrato de uma Coragem, Ironweed, A Difícil Arte de Amar, Um Grito no Escuro, Adaptação, Angels in America e O Diabo Veste Prada.

Helen Mirren

Excalibur, As Loucuras do Rei George, Assasinato em Gosford Park, As Garotas do Calendário, Elizabeth I e A Rainha.

Judi Dench

Sua Majestade, Mrs Brown, Shakespeare Apaixonado, Chocolat, Iris, Mrs. Henderson Apresenta e Notas sobre um Escândalo.

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Não é de hoje que nove entre dez atrizes reclamam da falta de bons papéis femininos em Hollywood. Em uma indústria que cultua cada vez mais a beleza e a juventude, mulheres com mais de 40 anos costumam enfrentar grandes dificuldades para encontrar personagens que as desafiem e estejam à altura de seus currículos ilustres. A solução acaba sendo driblar o envelhecimento, recorrendo a nem sempre bem sucedidas plásticas e outros procedimentos estéticos menos agressivos, tudo para adiar o surgimento das inevitáveis marcas do tempo. E, é claro, torcer para que o estado de coisas comece a mudar. Triste cenário, não é mesmo?

2006, no entanto, tem sido chamado de "um ano atípico". Pela primeira vez em muito tempo, tanto os poderosos estúdios (Warner, Universal, Paramount e outros) quanto as produtoras independentes resolveram levar para a tela grande roteiros cujas protagonistas são mulheres maduras, que não escondem seus cabelos brancos. O resultado desse "surto", que especialistas garantem ser apenas circunstancial, é uma temporada de títulos bastante incomum. Ter rugas, de repente, deixou de ser um problema para se tornar a solução.

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Basta dar uma olhada na atual lista de atrizes indicadas ao Oscar de melhor atriz para comprovar essa tese. Apenas duas das cinco concorrentes têm menos de 50: a espanhola Penélope Cruz (de Volver, de Pedro Almodóvar), que completa 33 anos em abril próximo, e a britânica Kate Winslet (de Pecados Íntimos), que, apesar de ter nascido em 1975, já acumula cinco nominações e pode ser considerada um fenômeno de precocidade.

O trio de veteranas que vem chamando a atenção da mídia pela excelência de suas interpretações – além de pelo fato de serem artistas com carreiras consumadas – é formado por duas inglesas, Judi Dench e Helen Mirren, e pela norte-americana Meryl Streep.

Lenda viva

Aos 56 anos, Mary Louise Streep é, para muitos, a maior atriz viva do cinema mundial. Mas vale dizer aqui que não foi sempre uma unanimidade. A implacável Pauline Kael, crítica por décadas da prestigiada revista The New Yorker, dizia, antes de se aposentar nos anos 90, que, apesar de competente, Meryl sabia representar apenas do pescoço para baixo e tinha maneirismos demais. O não menos impiedoso jornalista brasileiro Paulo Francis, morto em 1997, costumava escrever que ela tinha "cara de formiga" e não demonstrava ter muita paciência com o virtuosismo da estrela.

Atriz mais indicada ao Oscar de todos os tempos e vencedora do prêmio por duas vezes (por Kramer Vs. Kramer e A Escolha de Sofia), Meryl disputa a estatueta pela 14.ª vez por seu desempenho na comédia O Diabo Veste Prada, no qual vive o papel da temida editora de moda Miranda Priestley, calcada na figura da poderosa chefona da revista Vogue, Anna Wintour.

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Embora a protagonista do filme seja Anne Hathaway, no papel de uma aspirante a jornalista que come o pão que o diabo amassou nas mãos de Miranda, Meryl rouba a cena, como de hábito, transformando uma coadjuvante de luxo em centro das atenções. Não sobra para mais ninguém.

Conhecida por mimetizar à perfeição os sotaques mais diversos – comprove essa habilidade, conferindo suas brilhantes atuações em Entre Dois Amores (dinamarquês), A Escolha de Sofia (polonês) e Um Grito no Escuro (australiano) –, Meryl é uma atriz completa. Do drama à comédia, ela faz de tudo – e muito bem. Tanto que um de seus próximos desafios será viver o papel central do musical Mamma Mia, que toma como base canções do grupo sueco ABBA. Também consta da agenda de Meryl outro personagem no mínimo provocativo: a primeira mulher presidente do Estados Unidos em The First Man, no qual dividirá a tela com Robert De Niro.

Salve Rainha!

Helen Mirren não deve se orgulhar muito de tudo que fez no cinema. Com 61 anos e uma carreira de mais de quatro décadas, ela teve, por exemplo, de se sujeitar a fazer o semipornográfico Calígula, que começou a ser rodado sob a direção do italiano Tinto Brass, especialista em filmes eróticos mas um cineasta da verdade, e acabou concluído por Bob Guccione, o "cérebro" por trás da revista masculina Penthouse. Águas passadas.

Transcorridos 28 anos desde esse faux pas, Helen está vivenciando o clímax absoluto de sua carreira. Só neste mês ganhou dois Globos de Ouro e dois prêmios do SAG, Sindicato dos Atores de Cinema e Televisão dos EUA, por suas atuações na minissérie Elizabeth I e no longa-metragem A Rainha, de Stephen Frears, pelo qual disputa o Oscar na condição de favorita absoluta.

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Apesar de já ter sido indicada duas vezes na categoria de coadjuvante, por As Loucuras do Rei George e Assassinato em Gosford Park, Helen nunca havia tido o devido reconhecimento da indústria. Chegou a hora.

No seu discurso de agradecimento pela estatueta The Actor, que recebeu do SAG de melhor atriz em A Rainha, Helen contou que, quando viu os figurinos de sua personagem, a rainha Elizabeth II, atual monarca da Grã-Bretanha, pensou em desistir do papel: "Achei que jamais conseguiria encarar o desafio de viver de forma convincente alguém que vestisse aqueles tailleurs bem-comportados e aqueles chapéus todos", gracejou.

Símbolo

Nenhum caso, entretanto, parece mais singular do que o de Judi Dench, a mais velha do trio de "raposas prateadas", como a mídia norte-americana vem chamando ela e suas colegas de profissão. Desde 1997, quando já tinha 63 anos, Judi foi indicada nada menos do que seis vezes ao Oscar: Sua Majestade, Mrs. Brown (1997), Shakespeare Apaixonado (1998), Chocolate (2000), Iris (2002), Mrs. Henderson Apresenta (2005) e, agora, Notas sobre um Escândalo, no qual vive uma amarga professora lésbica que se apaixona por uma colega mais jovem, vivida por Cate Blanchett, a quem chantageia em troca de afeto.

Lenda dos palcos londrinos, Judi Dench, que já venceu uma estatueta de melhor coadjuvante por Shakespeare Apaixonado, é uma espécie de símbolo da resistência da experiência e do talento frente à ditadura da juventude. É, sem dúvida, uma senhora superpoderosa.

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