Basta ir a qualquer banca de jornal para constatar: sem sombra de dúvida, pelo menos metade dos títulos oferecidos ao público adulto nas prateleiras é de conteúdo erótico. Isso sem falar na internet, em que não é preciso sequer ter vontade de acessar sites que dedicam seu conteúdo à exibição de imagens de atos sexuais e mulheres nuas – eles simplesmente aparecem do nada, em forma de spams enviados aos endereços de e-mail ou banners que insistem em aparecer nas telas dos computadores, caso não se tenha um anti-vírus eficiente.

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O grande consumo de material erótico chegou também à alçada das histórias em quadrinhos. Se antes o gênero era mais conhecido e consumido em países como Japão e Europa, o mercado brasileiro também dá sinais de ser uma praça promissora. Tanto que a maior editora de HQs do país, a paulista Conrad, lançou, no mês passado, uma coleção dedicada exclusivamente aos quadrinhos eróticos. Trata-se de Eros, série inaugurada com o lançamento de dois títulos: Garotas de Tóquio, de Frédéric Boilet e Clic 1, de Milo Manara.

Francês radicado no Japão desde 1997, Frédéric Boilet, 40 anos, é um dos fundadores do movimento Nouvelle Manga, que propõe a mescla da experimentação narrativa do estilo japonês mangá a desenhos mais elaborados, de influência ocidental, e na ênfase ao cotidiano espontâneo dos relacionamentos amorosos, elemento inspirado pela Nouvelle Vague do cinema francês. Conhecido por trabalhar com modelos japonesas que respondem a seus anúncios, Boilet costuma narrar as relações especiais que mantém com seus "objetos inspiradores" – o autor é, inclusive, casado com uma de suas modelos, a nipônica Kaoru Sekizumi, musa da obra Tóquio É Meu Jardim (de 1997, sem publicação nacional).

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Garotas de Tóquio reúne sete contos publicados originalmente na revista japonesa Manga Erotic, veículo em que Boilet costumava publicar anúncios em busca de modelos. O leitor é convidado a acompanhar o desenvolvimento das narrativas propostas pelas próprias modelos, que decidem o que desejam fazer com o autor, personagem secundário de todas as histórias. De quartos de hotel a pontos turísticos japoneses, Boilet e suas musas inspiradoras carregam o leitor para encontros-relâmpago destinados ao sexo puro e simples e a verdadeiras jornadas pela intimidade possível entre dois desconhecidos.

Apesar de não ser parte integrante da coleção Eros, outro título também lançado pela Conrad no mês passado e destinado o público adulto carrega altas doses de sensualidade mescladas a fatos conhecidos da História. Trata-se do segundo volume da saga da família de Rodrigo Bórgia, Bórgia – Volume 2 – O Poder e O Incesto, roteirizada por Alexandre Jodorowsky e desenhada pelo italiano Milo Manara, considerado um mestre dos quadrinhos eróticos.

Dando continuidade ao primeiro volume da trilogia, lançado em julho do ano passado, a narrativa desta vez é centrada nas alianças realizadas pela família Bórgia com o intuito de manter o papa Alexandre VI no poder. Entre elas, está o casamento de sua filha mais bela, Lucrécia Bórgia, e a união carnal da mesma com o irmão César Bórgia – imortalizado por Maquiavel na obra O Príncipe –, incesto consentido e incentivado pelo próprio pai sob a alegação de lealdade e união à família.