Foi com o som alto de choros e soluços que terminou nesta terça-feira à noite a sessão de estréia de "Vôo 93" ("United 93")(veja trailer), o primeiro filme de Hollywood a abordar os ataques terroristas de 11 de setembro em forma de ficção. Parentes das vítimas do atentado abraçavam-se e choravam à saída do cinema, observados num silêncio respeitoso e emocionado pelos outros convidados do festival, criado há cinco anos exatamente para tirar a cidade do baixo-astral do atentado.
- É o mais poderoso filme contra a guerra que eu já vi, espero que parem a guerra agora - disse o cantor Tony Bennet, em voz baixa e com os olhos cheios de lágrimas, na saída da sessão.
Depois de semanas de discussão sobre se a cidade estava preparada para rever os atentados num filme de ficção e de alguns cinemas terem tirado seu trailer da programação, as críticas se dissiparam, e todos pareciam sob o impacto do filme de Paul Greengrass, de "Domingo sangrento".
- É impactante, o filme recria com perfeição a emoção daquele dia nos mais diferentes níveis - diz Jim Bohleber, um controlador de vôo que estava na torre de comando quando a tragédia ocorreu.
"Vôo 93" mistura de documentário e filme de ação para falar do seqüestro de um dos aviões usados nos atentados terroristas, que foi o único a não atingir o alvo.
O longa Começa com quatro muçulmanos rezando num motel barato enquanto Nova York amanhece. Em tempo quase real, o diretor vai mostrando a chegada da tripulação e dos passageiros no aeroporto de Newark e o início do dia nos centros de controle em Boston, Virgínia e Nova York. Muitas das famílias das vítimas estiveram envolvidas na produção.
- Este é o lugar perfeito para este filme estrear. Estamos sensibilizados com a presença das famílias dos passageiros e da tripulação que vieram homenagear a coragem deles - disse Jane Rosenthal, uma das criadoras do festival.
"Vôo 93" estréia sexta-feira nos Estados Unidos e certamente vai mexer com o coração e a mente das pessoas.
- Essas cenas passam nas nossas cabeças todos os dias. É tempo de mostrar essa história. O público precisa saber, precisa lembrar - disse Janice Snyder, cuja filha Christine estava no vôo.
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