
Livro
Stephen King. Suma de Letras. Tradução de Roberto Grey. 480 págs. R$ 44,90. Suspense.
Em sua obra On Writing (“Sobre Escrever”, ainda não traduzido para o português), Stephen King destaca, entre diversas “dicas” sobre como escrever, que é necessário manter um ritmo constante de trabalho. Para um iniciante, segundo King, sentar e batucar no mínimo mil palavras por dia é algo essencial. O escritor parece seguir à risca seus próprios conselhos, já que escreve em média dois romances por ano, sempre aguardados com fervor pela legião de fãs do “Rei”.
Com Doutor Sono (Suma de Letras, 2014), a expectativa era grande. Desde que surgiram notícias sobre seu lançamento, esperava-se um livro à altura de O Iluminado, seu precursor e primeiro best-seller de King. A obra-prima do autor virou um clássico do cinema nas mãos de Stanley Kubrick em 1980 e conta a história da família Torrence e suas desventuras no assombrado Hotel Overlook.
Do romance de 1977, surge a inesperada continuação, Doutor Sono, que revela o rumo da vida do garotinho iluminado – agora o homem de meia idade Danny Torrence – e da menina Abra Stone.
Absurdo realista
Trinta anos após o acidente que marca sua vida, o pequeno iluminado Dan parece se encaminhar para uma quase normalidade. Danny se instala em New Hampshire para tentar se recuperar do alcoolismo, que afetava seus poderes e diminuía suas visões. O “iluminado” consegue um emprego como zelador de um asilo, onde, com a ajuda de um gato que prevê as mortes dos pacientes, se torna o Doutor Sono, fornecendo o conforto final para aqueles que estão se despedindo da vida.
Apesar da premissa absurda, os detalhes explorados por King conferem à narrativa uma faceta realista que reforça a marca registrada do norte-americano. Assim, as descrições completas fazem o inesperado se tornar quase natural.
A história fica cada vez mais intrincada e cheia de camadas quando o grupo O Verdadeiro Nó aparece tentando se “alimentar” da alma de Abra Stone, também “iluminada”, que conta com a ajuda de Dan para se manter viva e ajudar outras vítimas do grupo. Diferente de O Iluminado, o romance não traz o suspense como principal argumento – o que parece ser a nova cara de King, já que o mesmo acontece em seus livros mais recentes como Sob a Redoma e Ao Cair da Noite.
A história, enfim, parece se desenrolar de uma maneira mais simples. Exibindo uma narrativa madura e menos audaciosa, Doutor Sono talvez não agrade aos saudosistas que esperavam o jovem King de 1977. Mas é leitura obrigatória para quem gosta do Rei.
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