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Se "A Teia", a série em dez capítulos que estreou na terça-feira, é a maneira que a Globo encontrou de desenvolver um trabalho "cinematográfico", convém verificar, primeiro, o que pode ser "cinematográfico" em tudo isso. A julgar pela estreia, trata-se de um produto em que as cenas noturnas são de um pretume que mal deixa ver o rosto dos atores; em que a câmera não para; em que não se entende metade do que falam os protagonistas. À parte isso, a concepção básica desenvolvida é a de um filme-padrão do Telecine Action: algo tem de estar sempre acontecendo. E esse algo será de preferência um clichê secular do filme de ação. Com isso, logo de cara vemos (ou quase isso) o seguinte: um carro-forte, chegando a uma cancela de pedágio, arremete contra ela e passa em alta velocidade. Policiais atiram, sirenes tocam, carros saem atrás do carro-forte, bandidos riem dentro do carro-forte, a perseguição se intensifica, e o carro-forte acaba caindo numa ribanceira. Inusitado Mas o espetáculo não pode parar. Há mais ação (em flashback), agora no aeroporto de Brasília: o momento em que um grupo de bandidos invade a pista e rouba uma quantidade absurda de ouro. Trata-se aqui de enfatizar o inusitado. O "nunca foi visto antes". O que é uma meia verdade. Ações desse tipo, de aeroportos e similares, já foram feitas às pencas. No aeroporto de Brasília é que talvez não. Num aeroporto brasileiro é que talvez não. Esse detalhe, porém, não introduz nenhuma alteração de substância naquilo que os espectadores têm visto por mais de um século: o que é dado a ver é o clichê, aquilo que se espera, que se sabe vai acontecer. E acontece. O primeiro capítulo segue mais ou menos nesse ritmo. Quando se detém, é para um exercício de paisagismo na Chapada dos Guimarães, a poder de helicóptero. Talvez no afã de captar espectadores, o capítulo inicial mal permite entrever quem são os personagens, suas forças e fraquezas, virtudes e defeitos. O centro de tudo é mostrar produção, criar "espetáculo", seduzir pela sucessão de acontecimentos. Mas esses acontecimentos todos, vamos convir, encontramos feitos com mais brio e modéstia nos filmes de Chuck Norris e similares. Talvez os próximos capítulos tragam uma evolução mais digna daquilo que o canal já fez. Por ora, "A Teia" se apresenta como uma aproximação mal-ajambrada com "o cinematográfico", que, presume-se ao fim do episódio um, consiste em gastar um monte de dinheiro sem critério algum (o que não é de todo errado, sobretudo se pensamos no cinema "industrial" brasileiro). NA TV "A Teia" Quando: às terças, após o "BBB" Classificação: 14 anos Avalação: ruim

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