Sai de cena a malandragem típica do cidadão brasileiro. Entra o "jeitinho brasileiro". Melhor ainda, o "Bom jeitinho brasileiro". Se você não conhece, nem de ouvir falar, vai ter a chance de conferir, a partir desta quarta-feira (24), o que muita gente faz por aí para ganhar a vida numa boa, sem levar vantagem em tudo (como suporia a célebre Lei de Gérson), em série que vai ao ar pelo canal Futura.
A série de programas "Bom jeitinho brasileiro" é dividida em 13 capítulos de meia hora cada. São dez personagens que buscam na criatividade meios de sobrevivência. O antropólogo Roberto Da Matta assessorou a produção do seriado, que tem direção de Antonio Andrade, e define o que seria o tão falado jeitinho.
- É esse exercício do otimismo e da criatividade, é não esperar muito e ter a coragem de fazer sozinho. Esse jeitinho tem várias dimensões, pode ser uma tentativa simpática e humana de ultrapassar uma regra, abrir uma porta que já estava fechada - detalha o antropólogo.
A questão de como a população mais pobre lida com a classe social na qual se insere também está presente nos programas. Segundo Da Matta, todos os personagens vivenciam em sua plenitude o lugar que ocupam na pirâmide social. Tanto que, num dos episódios, um entrevistado define como jeitinho brasileiro "comer arroz e feijão pensando que é caviar".
- São pessoas que têm profissões humildes e não tomam a pobreza como desculpa. Eles não culpam o governo nem partem para um discurso de auto-piedade. O nível sócio-econômico deles serve como um alavancamento para o desenvolvimento da criatividade. Mesmo assim, a série não é um elogio à pobreza - explica.
O antropólogo prefere não destacar nenhum dos participantes escolhidos para participar do programa. Para ele, todos foram capazes de emocionar.
- Quando estávamos escolhendo as pessoas, terminava a sessão com os olhos marejados. São pessoas incríveis que redefinem suas profissões, por isso não quero enfatizar apenas um. Eles partem do que têm para conseguir o que não têm. Não é como a classe média, que tem tudo e sempre quer mais - critica.
Para assistir:
Todas as quartas, às 22h30m, no canal por assinatura Futura.
Reprises: sextas, às 23h30m, domingos, às 15h e terças, às 16h30m.