Na internet
A série completa pode ser ouvida, em inglês, no endereço : http://serialpodcast.org/
O que você fez na sexta-feira de seis semanas atrás? Tente lembrar detalhes como se sua vida dependesse disso. Que horas chegou ao trabalho? Quem já estava lá? Com quem conversou naquele dia? Comprou alguma coisa? Que horas saiu para o almoço? O que comeu? Choveu naquele dia? Tem certeza?
É assim que Sarah Koenig, a jornalista responsável por Serial, começa o primeiro dos 12 episódios da série.
No formato podcast (um arquivo de áudio digital), Serial conta a história real do assassinato de Hae Min Lee, uma coreana que estava no último ano do ensino médio de uma escola em Baltimore, nos EUA.
Em 13 de janeiro de 1999, Hae deveria buscar o sobrinho no jardim de infância após a escola, como fazia todos os dias. Bonita, atleta e responsável, ela cumpria a rotina com rigor.
Naquele dia, ela não apareceu para buscar o sobrinho. Um mês depois seu corpo foi encontrado num parque afastado da cidade. A causa da morte foi estrangulamento.
Duas semanas depois, o ex-namorado de Hae, Adnan Sayed, foi preso acusado de matá-la.
Adnan, de família paquistanesa, nunca conseguiu explicar o que fez nos 23 minutos entre o fim da escola e o momento em que Hae teria sido morta num estacionamento de uma Best Buy de Baltimore, tese defendida pela acusação, que sustenta seu caso no depoimento de Jay, um colega de Adnan que garante que o ex-namorado é o responsável pelo crime.
Não só por isso, mas em grande parte porque não consegue explicar aqueles 23 minutos ocorridos seis semanas antes de ser preso, Adnan foi condenado à prisão perpétua.
O fato de ser a história de um crime real explica só parte do sucesso de Serial.
Outra parte está na maneira fascinante como Koening conta a história e transforma o crime numa grande jornada em busca de respostas sobre o que realmente aconteceu.
Ela passou um ano investigando o caso com uma atenção aos detalhes quase surreal. A cada semana do seriado (por isso o nome Serial, que nada tem a ver com serial killer, apesar de ser a história de um crime), Koening revela novidades. Revê depoimentos, entrevista novas testemunhas e até refaz o caminho que Adnan teria de ter percorrido para assassinar Hae no estacionamento da Best Buy.
Koening não se apressa a chegar a conclusões. Ela tenta ser imparcial, mas não na tradição de imparcialidade do jornalismo, e conta a história como se estivesse conversando com um amigo, sem medo de dizer o que está pensando e dividindo não só o que sabe, mas também o que não sabe ou não entende sobre o caso.
"Preste atenção nisso", ela diz às vezes. "No começo, achei essa evidência importante, mas depois mudei de ideia". "Nesse dia, quando liguei para o Adnan ,ele perdeu a paciência." São detalhes que raramente chegam ao leitor ou telespectador.
Serial se tornou o podcast mais baixado de todos os tempos na iTunes, com mais de 5 milhões de streamings.
O último episódio foi ao ar na última quarta-feira, após abundarem especulações sobre como Koening terminaria a história (ela sempre afirmou não saber como terminaria).
A segunda temporada será financiada com o dinheiro de doações dos ouvintes.
Disputando a atenção com verbas milionárias do cinema e da televisão, Koening conseguiu um feito e tanto para o mundo do rádio e dos podcasts, mostrando que é possível contar uma boa história e conseguir audiência, não importa o meio.
Número de obras paradas cresce 38% no governo Lula e 8 mil não têm previsão de conclusão
Fundador de página de checagem tem cargo no governo Lula e financiamento de Soros
Ministros revelam ignorância tecnológica em sessões do STF
Candidato de Zema em 2026, vice-governador de MG aceita enfrentar temas impopulares
Deixe sua opinião