Foi entre vestidos deslumbrantes dos anos 50 e réplicas de documentos sobre a Era JK - (mandato do presidente Juscelino Kubitschek, de 1956 a 1961) espalhados pela mesa que Dennis Carvalho falou sobre seu mais novo, e porque não, pretensioso trabalho: a minissérie "JK" , com estréia prevista para o dia 3 de janeiro de 2006.
O diretor da Rede Globo completa 30 anos de carreira e pretende ser audacioso.
- Posso dizer que é a coisa mais importante que faço depois da minissérie "Anos rebeldes". Na época deste trabalho, influenciamos de uma forma muito clara no "impeachment" do então presidente Fernando Collor de Mello. Com "JK" desejo que o espectador pense bem antes de decidir o seu voto. Estaremos em ano eleitoral. Vamos ver se causaremos uma comoção popular - sonha Dennis.
Em oficina que teve a participação de muitos atores do novo projeto e aulas de história sobre o período político comandadas pela professora Marieta de Moraes Ferreira e pelo historiador Ronaldo Costa Couto, a atual crise política foi um tema muito abordado.
- Estou muito triste com o que está acontecendo mas, como em toda dificuldade, vejo um lado positivo. O brasileiro tem que se sair alarmado com isso, estou com muita vergonha e espero que, após esse período, venha um melhor - opina a jornalista Marília Gabriela, que mais uma vez dá expediente como atriz. Desta vez ela interpretará uma mulher "rica, porém falida".
Deborah Evelyn acredita que a série poderá destacar um dos valores deixados por Juscelino mais lembrados atualmente, embora o presidente tenha deixado o poder com baixíssima aprovação popular:
- Essa minissérie vai mostrar, através do JK, que há chance para a transparência - disse a atriz.
José Wilker, ator escalado para interpretar o presidente que tinha como lema os "50 anos em cinco", pensa diferente. Para ele, o momento é de extremo otimismo.
- Não vejo o que estamos passando como algo negativo. Se tudo isso está aparecendo agora, estamos mudando. Porque não é novidade que os políticos são corruptos. Esta história do JK será importante para relembrarmos uma época melhor, e quem sabe, contribuir para um voto mais consciente? - indaga.
Do outro lado da sala, a política ainda é o assunto. Wagner Moura, o JK jovem da minissérie, também é otimista.
- Vamos tirar algo bom dessa crise - pondera o ator.
A autora Maria Adelaide Amaral não esconde certa paixão no olhar. Ela mergulhou na vida de Juscelino e não hesitou ao falar ininterruptamente sobre política.
- Os políticos daquela época eram mais preparados. Claro que mesmo assim não posso colocar a mão no fogo por ninguém, mas você pode ver pelos discursos, o nível do português falado. Venho de escola publica, naquele tempo eram instituições muito boas. Hoje, quem passa para faculdade pública é a elite. O problema desse país está na decadência da educação - critica Maria Adelaide, definindo o motivo que a levou escrever sobre Kubitschek: - Ele agia pelo instinto, era uma pessoa mística e íntegra. Isso me fascina.
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