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Grande parte do público que vai aos cinemas é jovem, mas poucos são os filmes nacionais dirigidos especificamente a esse tipo de audiência, contando histórias que reflitam o dia a dia, os anseios, desafios e flagelos enfrentados por quem tem menos de 30 anos e pertence à classe média urbana brasileira. Paraísos Artificiais, primeiro longa-metragem de ficção do cineasta Marcos Prado, diretor do premiado documentário Estamira e produtor de Tropa de Elite 1 e 2, quer preencher esse vazio.
A trama tem como personagem central um rapaz da zona sul carioca chamado Nando, vivido pelo promissor Luca Bianchi. Logo na sequência de abertura, é revelado que ele ficou alguns anos preso e agora terá de recomeçar sua vida. Não será fácil: o pai (vivido pelo próprio diretor do filme) morreu em um acidente quando mergulhava anos atrás e a mãe, Márcia (Divana Brandão), está às voltas com seu irmão mais novo, Lipe (César Caradeiro, da microssérie Capitu), que seguiu os passos de Nando e está envolvido com o tráfico de drogas sintéticas, entre elas o ecstasy.
Para entender o que aconteceu à vida do protagonista, o inventivo roteiro coassinado por Prado, Cristiano Gualda e Paulo Padilha recorre a dois tempos narrativos. Um, poucos anos antes da sua prisão, mostra o personagem em Amsterdã, na companhia do melhor amigo, Patrick (Bernardo Melo Barreto), numa missão perigosa: trazer ao Brasil um carregamento de "pílulas da felicidade", avidamente consumidas na cena eletrônica que eles costumam frequentar.
Na capital da Holanda, Nando conhece Érika (Nathalia Dill, da novela Avenida Brasil), hypada DJ brasileira com quem ele inicia um caso amoroso sem lembrar que os dois se conheceram no passado, no terceiro tempo narrativo do filme, situado na década de 90, quando a moça é apresentada aos espectadores.
Érika viaja pelo Nordeste em companhia de Lara (Lívia de Bueno), com quem mantém um relacionamento que vai além da mera amizade. As duas garotas estão a caminho de um evento de cultura alternativa nos arredores de Recife, chamado Universo Paralelo, que mistura música eletrônica e uma proposta de vivência inspirada pela contracultura das décadas de 60 e 70, com muito amor livre e drogas. Lá conhecerão Nando e Patrick.
Premiado na última edição do Cine PE, nas categorias de atriz coadjuvante (Divana Brandão), fotografia (Lula Carvalho), montagem e edição de som, Paraísos Artificiais é extremamente bem realizado e dá conta com bastante eficiência de contar uma história envolvente, que também pretende ser o recorte de uma geração pouco vista no cinema brasileiro. Merece fazer sucesso.
GGG1/2
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