Sexo sem meias-palavras

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A respeito da jornalista Eve Ensler, a atriz Glenn Close disse: "Você se torna parte de sua cruzada. Há um grupo de atrizes que é o seu exército". Ensler é autora de um dos espetáculos teatrais de maior sucesso em todo o mundo: Os Monólogos da Vagina. Tendo como bandeira o combate à violência contra as mulheres, a peça já foi encenada, desde sua estréia em 1996, em Nova Iorque, por estrelas como Whoopi Goldberg, Wynona Rider, Susan Sarandon, Jane Fonda e Oprah Winfrey, além da já citada Glenn Close.

O fenômeno teatral, encenado em 32 países, foi montado no Brasil em 1997, por iniciativa da dupla de atores e produtores Vera Setta e Cássio de Souza. Há quase sete anos ininterruptos em cartaz, a peça vem a Curitiba pela segunda vez (a primeira, foi no Guairão, em 2001) para quatro apresentações no Teatro Fernanda Montenegro, a partir de hoje.

A exemplo dos Estados Unidos, o texto de Ensler no Brasil conta com um elenco de primeira linha, formado por dez atrizes. No "time de vaginas", como brinca Vera Setta, estão Cláudia Rodrigues, Zezé Polessa, Cissa Guimarães, Bia Nunnes, Lúcia Veríssimo e Totia Meirelles. A montagem mais recente traz uma novidade: ao invés do trio criado pelo diretor Miguel Falabella, que adaptou a peça para o Brasil, um quarteto dará vida a uma média de 30 personagens femininos. São as atrizes Fafy Siqueira, Mara Manzan, Betina Viany e a própria Setta – as três primeiras, estão na novela Cobras & Lagartos, da Rede Globo.

A peça tem como base depoimentos de mais de 200 mulheres de todo o mundo, colhidos pela própria Ensler e transformados em um monólogo leve e bem-humorado (Setta conta que, após assistir a estréia da versão brasileira, a escritora incluiria mais duas personagens). Os quadros tratam das várias fases da sexualidade feminina como a primeira menstruação, a primeira relação sexual, a menopausa, o parto, e temas como orgasmo, castração e preconceito. "É uma comédia refinada, que não descamba, e que diverte e conscientiza toda a família", lembra Vera.

A exemplo de outras atrizes de todo o mundo, ela conta que o espetáculo virou uma causa em sua vida. Sente-se motivada, principalmente, ao apresentá-lo para o público do interior, que chega ao teatro ressabiado, mas que logo se identifica com as questões em debate. "Muitos casais vem me dizer que a peça tocou em pontos que não sabiam ser comum a todos. Pensavam que era um problema só deles", conta.

Os desentendimentos conjugais também são tratados sem meias-palavras, mas sempre com muito bom humor. Se marido e mulher estão brigados, a atriz desafia: "Venham a fazer as pazes vendo a peça".

Serviço: Os Monólogos da Vagina. Teatro Fernanda Montenegro (R. Coronel Dulcídio, 517), (41) 3224-4986.Texto de Eve Ensler. Direção de Miguel Falabella. Com Fafy Siqueira, Mara Manzan e Vera Setta. Hoje, às 21 horas; amanhã, às 19h30 e 21h30; e domingo, às 19h30. Ingressos a R$50 e R$25 (estudantes, idosos e assinantes da Gazeta do Povo que comprarem um ingresso).