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A banda paulista Wry fez barulho no meio da madrugada | Natasha Durski/ Divulgação
A banda paulista Wry fez barulho no meio da madrugada| Foto: Natasha Durski/ Divulgação

Por volta da meia-noite: a Uh La La! ganha o palco da Sociedade 13 de Maio. Há algumas semanas, tocaram na Argentina e no Uruguai. O quinteto destaca-se por um certo charme, não chulo, mas estranhamente vigoroso, devido às marteladas da baterista Babi Age, e da ira controlada da baixista e vocalista Andreza Michel – que em outra encarnação, de certo, tomou uns goles com Malcolm Young. A sacana "Casinha", lançada recentemente, fez sucesso ao vivo. Ao ver um show da Uh La La!, que basicamente se diverte fazendo o que gosta, temos a certeza de que é saudável para Curitiba, na sua pecha de modernete e saidinha, ter uma banda assim, sem firulas, digna no que se propõe a fazer.

Quase uma: a Audac contrasta com aquele palco de madeira meio mal iluminado. Porque a banda é elegante. Seu som, um capricho, mesmo quando os equipamentos não favorecem. Há cada vez mais consistência no show "da banda curitibana que gravou com o produtor dos Strokes", como lembrou alguém que retornava do jardim. "Distress" é espetacular ao vivo, porque sugere uma faceta cósmica, espacial, que rapidamente nos joga de cara no chão quando Alyssa Aquino e Debbie abrem a boca para cantar. É bonito, o show da Audac, que encontrou seu estado pleno mesmo com a mudança de guitarrista e, talvez agora, precise de um fato novo, de uma dose de ousadia.

2h20? Naftalina. A banda paulistana de trajetória peculiar – estabeleceu-se na Inglaterra por sete anos e tocou com Ash, The Cribs e The Subways – demorou duas músicas até se aprumar. A Wry fez sucesso no fim dos anos 1990, mas deu para entender porque ainda é levada a sério: a apropriação de um gênero ou de uma estética (o noise rock, o shoegaze), em sintonia com uma demanda crescente (embora anacrônica) por grupos cujo produto final não seja afetado, plastificado. Merece destaque a ótima performance do vocalista Mario Bross. E a execução de "In the Hell of My Head", que fez com que a turma do gargarejo desse pulinhos em sinal de aprovação.

3h45? A Holger acaba de lançar um bom disco. A predileção pelo suingue tropical ganhou melodias encorpadas (finalmente!), ao contrário do que aconteceu principalmente em Sunga (2010), tentativa frustrada de soar antenada. Vestidos como se Criolo tivesse tomado um banho de loja na Índia, os paulistas foram responsáveis por um show quente e bem amarrado – de repente, a 13 de Maio havia se transformado num salão de salsa. Nada de muitos exageros dessa vez. Exceto pelo adiantado da hora e pelos cascos de cerveja vazios.

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