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Seria o sonho de um ator exibicionista Michael Fassbender aparece nu, de frente para a câmera, em boa parte de Shame, que estreia hoje. O filme de Steve McQueen lhe valeu o prêmio de interpretação masculina a Taça Volpi no Festival de Veneza do ano passado. Brad Pitt, que vai produzir o próximo filme do autor homônimo do astro hollywoodiano dos anos 1960 e 1970, já se rendeu ao "enorme talento" de Fassbender. Você vai entender o que ele está dizendo.
O problema, esclarece o ator, é que ele não é um exibicionista e foi doloroso desnudar-se, ao mesmo tempo no sentido físico e emocional, diante da câmera de McQueen. Mas Fassbender não vacilou quando McQueen lhe propôs o papel. Já na primeira vez que falaram do assunto, no set de Hunger, Fassbender havia dito que, se o diretor quisesse, ele estaria "dentro". A explicação é simples. Fassbender estourou em 2008, no auge da crise econômica. O cinema, como atividade industrial, foi duramente atingido. "Se não fosse o papel em Hunger, não sei se um ator como eu teria conseguido novos convites."
Mas eles vieram para Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino; Jane Eyre, que será lançado neste mês diretamente em DVD. Fassbender, modesto, credita seu sucesso a McQueen. Antes de ser diretor, ele era um provocativo artista plástico. Afrodescendente, não tem nada que o assemelhe, fisicamente, ao astro de Hollywood.
O cinema de Steve McQueen é impactante. Hunger e Shame dialogam tão intensamente entre si que se poderia dizer que formam um díptico sobre uma possível poética do corpo, tendo como centro Michael Fassbender. Hunger conta a história do militante do IRA, Exército Republicano Irlandês, Bobby Sands. Preso numa cadeia inglesa, ele iniciou uma greve de fome e morreu.
Fassbender/Sands, reduzido a pele e osso, busca na greve de fome na morte? a via de escape da prisão em que está confinado. Shame é sobre outra prisão, a do corpo, mais interna. Brandon, o novo personagem de Fassbender, é viciado em sexo. Quando não está copulando, masturba-se compulsivamente. Como um predador sedento de sangue, o sexo heterossexual não lhe basta e ele se arrisca em experiências homo. O elemento desestabilizador do (anti)herói é que ele é forçado a abrigar sua irmã, Carey Mulligan. Não é só a ideia do outro corpo que não pode possuir a interdição do incesto. Tanto quanto Brandon necessita de sexo, ela, sua irmã, necessita de afeto. Difícil imaginar figuras mais carentes.
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