O artista independente Paulinho Fluxus, 28, foi detido pela Polícia Militar de São Paulo por volta das 19h deste sábado (18) durante o show de Lobão no palco São João da Virada Cultural de São Paulo. Vestido com uma jaqueta, capacete e arma de brinquedo cor-de-rosa, Paulinho se apoiou em um poste e iluminou o rosto do cantor com um laser, sendo vaiado pela plateia ao seu redor.

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Segundo ele, a "intervenção artística" foi um protesto contra as recentes declarações de Lobão sobre vítimas de tortura da ditadura militar (1964-85). "Ele disse que os torturadores só arrancaram umas unhinhas. Ele agrediu o meu pai, a honra da minha família. O Lobão está precisando de luz, muita luz", disse Fluxus, um dos organizadores do movimento "Existe Amor em SP".

Seu pai, o jornalista Sergio Gomes, de acordo com o artista, foi preso e torturado pelo governo em 1975.

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Fluxus se refere a declarações feitas por Lobão durante o Festival da Mantiqueira, em 2011. Na ocasião, o cantor disse que "aí tem que ter anistia pros caras de esquerda que sequestraram o embaixador [dos EUA Charles Elbrick, sequestrado por grupos de resistência em 1969], e pros caras que torturavam, arrancavam umas unhazinhas, não [risos]. Essa foi horrível [risos]. Mas é, é bem isso."

Dois policiais o levaram para o fundo do palco sob o argumento de que ele estava "perturbando a ordem". A reportagem viu o artista ser empurrado e sua indumentária, incluindo o laser, apreendida pela polícia. Acompanhado pelos amigos, o manifestante foi então levado à base móvel da PM no largo do Arouche.

Fluxus diz que ainda deve trabalhar na própria Virada Cultural, na iluminação de pelo menos quatro apresentações, como no show de "Tatá Aeroplano" e de "Graviola e o Lixo Polifônico". Às 19h45, foi encaminhado ao 2º DP, do Bom Retiro. Às 20h, ele trabalharia na iluminação da apresentação da Tigre Dentes de Sabre.