O último trabalho de Manu Gavassi, o EP “Vício”, tem uma pegada diferente dos trabalhos anteriores da artista. Depois de quase dois anos tempo longe dos palcos para se dedicar à televisão (participou do programa “Malhação”), ela lançou músicas com uma sonoridade mais ligada ao pop eletrônico internacional, inspirada também por influências “cool” como Daft Punk, segundo ela mesma conta.
O show, cuja reta final da turnê passou por Curitiba no último sábado (16), tem esta atmosfera bem urbana e certa pose rock. Manu sobe ao palco com um power trio, de jaqueta jeans e óculos escuros, sob um luminoso tipo néon com o título “Vício”. Não há dançarinos nem coreografia, quase onipresentes em shows voltados para essa faixa etária. Os tons de rosa e a estética adolescente são discretos. A cantora, com seu 1,52m de altura, tem até um divertido ar meio blasé.
Criançada
Apesar da repaginação para ficar com uma aparência mais adulta, a figura da Manu Gavassi aos 15 ou 16 anos, tocando violão e cantando sobre histórias de amor adolescente no YouTube, de 2009, ainda prevalece para parte do público da cantora.
Isso explica a presença de senhores de chinelo e camiseta, na faixa dos 50 anos, pedindo informações sobre o show com os carros estacionados em pisca-alerta na entrada do Teatro Bom Jesus, no Centro de Curitiba. “Que horas termina? Ela não quer que eu fique”, afirma uma mãe, aos risos, depois de ser dispensada pela própria filha.
A maior parte da plateia parece estar naquela fase. Adolescentes super vaidosas, meninas de 12 anos e suas irmãs mais novas (que as imitam em tudo, inclusive na pose de mini adultas), alguns pais e mães acompanhando. Manu, conta o manager Felipe Simas, acaba sendo uma espécie de “modelo de comportamento” para essas meninas – do mesmo jeito que elas mesmas são para as irmãs.
Músicas-chiclete
Todas as canções – que são, aliás, simples e pueris, mas bastante eficientes para grudar no ouvido – são escritas por Manu, baseadas em experiências que ela viveu na idade em que algumas destas meninas estão começando a chegar. Estas são as razões mais óbvias para o sucesso da cantora entre este público. As meninas se identificam e amam Manu.Também morrem de amores pelos jovens (e competentes) músicos que a acompanham no palco, claro – o baterista foi para a plateia durante o início do show e causou um engraçado rebuliço. Manu garante se divertir com a situação toda, sem pensar muito sobre responsabilidades. “Adoro. Levo na maior naturalidade do mundo”, conta, em entrevista à Gazeta do Povo.
Pretensões artísticas
A artista diz não se sentir limitada artisticamente por estar cercada por esta criançada aos 23 anos.
“É um público muito fiel, uma galera você pega em fase de formação, que precisa de um modelo. E não me privo de fazer nada por conta disso”, diz. “Acho que é assim [trazendo algumas referências mais sofisticadas] que a gente começa a mudar algumas coisinhas na cabeça deles, sabe? Colocando eles em contato com essas músicas e sonoridades diferentes desde criança.”
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