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Chega de cobrar surpresa final de M. Night Shyamalan. A grande reviravolta de O Sexto Sentido tornou-se o sucesso e a maldição do cineasta e roteirista indiano, radicado nos Estados Unidos. Ele bebeu em terror e suspense para narrar quase todas as suas histórias, mas o que passou batido é que o poder da fé é o tema predominante de todas elas. Não é diferente com A Dama na Água, que estréia hoje nos cinemas brasileiros.

Em outras palavras, assim como em seu filme anterior, A Vila, o objetivo não está nas trucagens de roteiro, com reviravoltas ou sustos inesperados. A Dama na Água é, antes, uma fábula linear sobre fé e esperança no mundo, nas pessoas e no seu poder de fazer mudanças. É, também, uma leitura multicultural, redentora, e bem-humorada dos Estados Unidos, um oposto dos do que se vê em Crash - No Limite, vencedor do Oscar de melhor filme este ano. O enredo é desenvolvido a partir dos moradores de um condomínio na costa leste dos Estados Unidos. O zelador responsável pelo edifício é Cleveland Heep (Paul Giamatti), um homem gago, com passado negro o suficiente para querer soterrá-lo. Sua rotina desagradável e honrosa é abalada pela aparição de Story, uma criatura (chamada narf) que mora na água (Bryce Dallas Howard, a Ivy de A Vila).

A partir da aparição da menina, Heep passa a desvendar a mitologia dos narfs, seres ligados às histórias de ninar. Shyamalan ainda sabe que o medo é causado por aquilo que não vemos e aproveita da montagem, da encenação e dos plano, (com direito a desfoques) de maneira, se não original, certamente atípica, corajosa e talvez pretensiosa para um filme mainstream. GGGG

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