Estante
Confira as primcipais obras de Silviano Santiago:
- Uma Literatura nos Trópicos (1978)
- Crescendo durante a Guerra numa Província Ultramarina (1978)
- Em Liberdade (1981), Jabuti de melhor romance.
- Vale Quanto Pesa (1982)
- Stella Manhattan (1985)
- Uma História de Família (1992), Jabuti de melhor romance.
- Viagem ao México (1995)
- Keith Jarrett no Blue Note (1996), Jabuti de melhor livro de contos;
- Cheiro Forte (1993)
- O Falso Mentiroso (2004)
Cinco horas diárias para a literatura. Às 7h30, Silviano Santiago acorda, e vai para o seu escritório, próximo à Praça General Osório, no Rio de Janeiro, e em meio a livros e anotações, lê e escreve até 12h30. Religiosamente, todos os dias.
Aos 74 anos, o mineiro, de Formiga, não leciona mais e se ocupa em contemplar a vida durante a tarde e prefere programas mais leves, como jantar fora ou ir ao cinema à noite. Vive como um cidadão comum, enfim. Premiado com três Jabutis (leia quadro ao lado) e autor do aclamado Em Liberdade, não chega a ser um nome conhecido do grande público. Mas não cessa de produzir.
Hoje, Santiago estará presente no Paiol Literário para conversar sobre sua trajetória artística e também a respeito de seu mais recente lançamento: Anônimos, lançado pela editora Rocco.
"Motoristas de taxi, garçons, bancários, e outros personagens menores do dia a dia acrescentam um novo ponto de vista, uma outra maneira de ver que fica, mas logo depois se vai", comenta sobre o livro. Nele, Santiago busca reter e aproximar a fala de personagens do cotidiano. "A nossa tendência é ter uma experiência muito tensa com essas figuras anônimas que, por vezes, nos dizem coisas fascinantes, mas nossa memória seletiva faz perder", diz.
Poeta, ensaísta, crítico literário, romancista e ficcionista, Santiago pode ser lido quinzenalmente no caderno literário "Sabático", do jornal O Estado de S. Paulo, no qual escreve resenhas e ensaios.
Nesse sentido, a mídia, para o autor, serve para balizar a produção artística, por meio de uma crítica atuante, inteligente e, preferencialmente, sectária. O jornal literário Rascunho, produzido em Curitiba há dez anos, é exemplo de como literatura e mídia podem coexistir, e quanto a esta intersecção, Santiago reforça: "Só elogios".
Mesmo sem experiência jornalística, Santiago marcou passagem como colaborador pelas revistas Veja e Isto É, e escreveu para o jornais O Globo, Jornal do Brasil e Folha de S.Paulo. Também foi professor na PUCRJ e na Universidade Federal Fluminense.
Paralelamente à presença atuante no cenário artístico nacional e do fato de ser um autor já consolidado pela crítica, Silviano comenta sobre a falta de apelo popular de seus livros e comenta a relação do brasileiro com a leitura. "Existe, em nosso país, um processo de leitura um pouco antiquado. Tende-se a colocar como leitura indispensável livros de autores póstumos", explica, ao citar Clarice Lispector e Carlos Drummond de Andrade, que morreram com todos os livros ainda na primeira edição. "É uma relação confusa e mal resolvida", afirma.
Para o editor-chefe do jornal Rascunho, Rogério Pereira, receber Santiago, num evento como o Paiol Literário, é dar ao espectador a oportunidade de conversar com um representante da alta literatura brasileira.
"O público irá se encontrar com uma pessoa muito sabedora daquilo que tem como projeto. Um grande intelectual brasileiro, clássico e que pensa os temas contemporâneos", afirma Pereira.
Santiago é o 46.º convidado do evento, promovido pelo jornal Rascunho em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi) e que acontece desde 2006. Na conversa com o público, Santiago diz que será "correto" em todas as suas respostas, e pede que toda e qualquer questão deve ser feita, sem hesitação. "Duvido que as pessoas saiam decepcionadas", garante o autor.
Serviço:
Silviano Santiago no Paiol Literário. Hoje, às 20 horas, no Teatro do Paiol (Praça Guido Viaro, s/n.º Prado Velho), (41) 3213 1340. Entrada Franca.
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