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Algumas canções nascem com uma dinâmica própria e resistem a todas as tentativas de mudar sua concepção original. A exemplo dos personagens de um romance, que muitas vezes escapam ao controle do escritor, um disco vai se fazendo à medida que é gravado. Parece piração e é, mas é assim que o Skank se refere ao repertório inédito do álbum que está lançando, "Carrossel", 15 canções (ouça "Antitelejornal"), uma para cada ano de carreira deles. Sim, em 2006, o Skank está com idade de debutante.

O disco tem uma aura folk com toques psicodélicos, alternando canções bem buriladas com outras mais simples. Isso para fazer um contraste com os CDs anteriores de carreira "Maquinarama" (2000) e "Cosmotron" (2003).

- No "Cosmotron" até os rocks eram mais complicados, dessa vez a gente peitou e resolveu deixar mais simples sem muita roupa, mais cru, e acreditar nessa capacidade de ter feito coisas mais complexas e voltado na base do "vamos-ver-se-a-gente-ainda-sabe-fazer-o-fácil", o mais tranqüilo - diz Samuel.

A banda recebeu a imprensa numa casa do bairro de São Bento, em Belo Horizonte, que foi da família do baterista Haroldo Ferretti, que funciona como escritório e onde está o estúdio Máquina, onde gravam seus discos há seis anos, com a vantagem de trabalhar sem tempo limitado e de não precisar sair de casa.

"Carrossel" começou a nascer em novembro, quando Samuel iniciou a composição das melodias ainda sem letra com Henrique Portugal (teclados), Lelio Zanetti (baixo) e Haroldo. Eles explicam que costumam mandar para os letristas já com o arranjo pronto ou bem encaminhado, com as indicações de onde entra o refrão e até indicações de solo.

- "Eu e a felicidade" mandamos pro Nando Reis, porque nasceu com a cara dele, já com a indicação de um violino cantarolado, mas como nem sempre a gente avisa o que é, o Nando fez letra em cima do que seria o solo de violino. Como ficou muito bom, eu tinha que deixar, aí mudei tudo - conta Samuel.

A banda cobre de elogios o produtor Chico Neves, a quem elogiam por fazer o que todo produtor devia fazer, estar disponível e saber escutar, ao contrário de outros que dividiam o tempo entre o Skank e outras produções.

- No começo do disco sempre pinta aquela expectativa de saber pra que lado o disco está indo, porque a gente não sabe direito. Nessa hora você fica com uma cartilha estética e pode começar a limar muita coisa legal que pode ficar boa. O Chico disse que a gente devia deixar acontecer, ir gravando para ver o que ia acontecer - explicam Samuel e Henrique.

A banda tinha 25 canções prontas em março quando começaram a gravar. Aí começou a fase de cortes até que chegaram às 15 do disco e explicam que é muito difícil cortar porque a banda se divide em facções que defendem determinadas canções, um processo que adquire uma dinâmica própria e que vai fazendo os componentes irem migrando de canção para canção, daí foi melhor deixar as 15 mesmo.

Chico Amaral, o parceiro mais constante, emplacou oito composições, uma delas com Lelio, "Garrafas". Com Arnaldo Antunes, Samuel fez "Trancoso", com Humberto Efe, "Cara nua" e "Notícia", "Antitelejornal" com Rodrigo Leão e "Seus passos" com César Maurício. O Skank lança um disco em que canções simples se revezam com outras mais elaboradas, mas com músicas demais, algumas são muito parecidas. Com uma enxugada, o CD cresceria bastante.

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