Alçado ao estrelato ao participar, ainda bem jovem, da banda elétrica com que Miles Davis gravou os discos In a Silent Way (1969) e Bitches Brew (1970), o contrabaixista inglês Dave Holland, 67, seguiu a vida tocando com outros músicos, formando suas próprias bandas e expressando-se nas mais variadas linguagens jazzísticas. Desta vez, ele vem ao Rio de Janeiro (em 31 de maio) com o repertório e a banda de Prism, disco do ano passado, gravado com guitarra e piano elétricos. Uma volta ao fusion, a mistura de jazz, rock e funk que Miles criou há quatro décadas?
"Não acredito que tenha voltado, de forma alguma, ao fusion. Estou sempre pensando em levar a música à frente", explica o simpático Holland, por telefone. "Sei que o contexto, em termos sonoros, com o piano elétrico e a guitarra, ecoa aquela época. Mas o conceito musical certamente é uma extensão do que eu venho fazendo nos últimos anos com os meus grupos."
O músico conta que Prism nasceu puramente de sua vontade de tocar novamente com o guitarrista Kevin Eubanks, com quem trabalhara na virada dos anos 1980 para os 90. Logo, integraram-se a eles o pianista Craig Taborn e o baterista Eric Harland, colaboradores próximos de Holland, que preferiu permanecer no seu velho baixo acústico.
"Acho que isso muda muito o som da banda. Apesar de eu ter começado carreira no baixo elétrico, o acústico é meu instrumento primordial, é onde melhor me expresso. E, em Prism, há várias canções com piano acústico que poderiam ser vistas como uma extensão do que eu vinha fazendo nos meus discos anteriores", discorre ele, que preferiu cair na estrada com a banda antes de gravar. "As canções estão sempre mudando, o que é a coisa boa de se ter uma banda com continuidade. Cada show é um novo capítulo, uma nova história."
Hoje um veterano do jazz, Dave Holland reflete sobre a sua geração de músicos, que começou sob a asa de Miles.
"Nós aparecemos numa época em que houve uma profunda mudança na música. Eu comecei tocando rock! E aí apareceu a world music, integrando todas essas novas ideias ao jazz", diz o músico, que está longe de ser um saudosista. "Hoje, a gravação está cada vez mais barata, e temos a internet. Temos que ser criativos não só com a música, mas com a forma como se leva essa arte ao público."
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