Como quem não queria nada, o jornalista Eduardo Aguiar começou a publicar fotos nas redes sociais em 2011. Desde sempre, ganhou loas desenfreadas de quem as via.
Os elogios podiam vir tanto do colega da mesa ao lado como de um fotógrafo chinês.
Democrática, a fotografia digital tem ganhado espaço em galerias e museus importantes.
A fórmula de Aguiar é simples. Não basta flanar pela cidade. É preciso também querer enxergar o que nem todo mundo vê.
Fotografando sempre em preto e branco, os flagrantes captam o salto mortal entre as ninfas no chafariz da Osório, o ciclista em apuros nos rigores das ruas alagadas, o reflexo de namorados nas poças que cobrem a calçada.
As influências declaradas são as fotos noturnas do húngaro Brassaï, as fotografias de guerra de Robert Capa e o trabalho de Gordon Willis, diretor de fotografia nos filmes de Francis Ford Coppola e Woody Allen.
O resultado pende mais para a crônica literária do que para o jornalismo, como bem observou no texto de apresentação da mostra o cronista da Gazeta do Povo Luis Henrique Pellanda: “Aguiar é um colecionador de rostos, pedras, luzes, bichos. Se apaixona por putas, mendigos, árvores, estátuas, poças d’água. E até pelos cachorros, os ‘cães filósofos’, os ‘cães calamitosos’, os ‘bons cães’ de Baudelaire, o flâneur por excelência”. (SM)
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