| Foto: Reprodução
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Em outubro de 1994, seis meses após o suicídio de Kurt Cobain (1967-1994), Dave Grohl, na condição de ex-baterista da banda mais famosa do mundo naquele momento, resolveu gravar, sozinho e despretensiosamente, 15 de 40 canções inéditas que havia composto na guitarra durante as turnês do Nirvana.As gravações tinham o intuito de tirá-lo do estado de torpor causado pela morte precoce de Cobain, que preferiu dar fim à própria vida a ter de continuar lidando com o estrondoso e inesperado sucesso mundial de Nevermind (1991). Ciente dae seu provável destino como baterista de algum outro grupo após o fim do Nirvana – chegou a ser convidado para integrar a banda de Tom Petty – Grohl optou pelo menos óbvio: ser frontman.

Ao tomar conhecimento de rumores que davam conta do fim do grupo Sunny Day Real Estate, também de Seattle, Grohl convocou o baixista Nate Mendel e o baterista William Goldsmith para integrar o Foo Fighters, que viria a ficar completo com Pat Smear, guitarrista da lendária banda punk The Germs e que já havia excursionado com o Nirvana.

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Mas o que era para ser uma espécie de projeto terapêutico, acabou dando ainda mais dor de cabeça a Dave Grohl. Fãs do Nirvana não aceitavam a nova posição do baterista, como cantor e guitarrista de sua própria banda. Acusavam-no de sempre ter desejado o lugar de Cobain e, nos shows do Foo Fighters, pediam à exaustão que a banda tocasse "Marigold", única composição de Grohl gravada pelo Nirvana. O mesmo se repetia nas entrevistas coletivas, em que Grohl e seus novos colegas eram constantemente questionados pelos jornalistas sobre o Nirvana e a morte de Cobain.

Demoraria mais um tempo até que a banda conseguisse se livrar dos fantasmas. E esse é apenas o primeiro drama relatado em Foo Fighters: Back and Forth, documentário dirigido por James Moll, que após breves exibições nos cinemas, chega agora às lojas em DVD. Intercalando entrevistas com os integrantes (ex e atuais) a imagens raras da banda (apresentações ao vivo, fotografias, bastidores e videoclipes), o longa-metragem faz um retrato honesto e bem costurado da carreira do Foo Fighters.

"Demissões"

As diversas mudanças pelas quais passou a formação ao longo de seus 17 anos de história também ocupam boa parte do longa-metragem. Goldsmith, por exemplo, foi "demitido" do Foo Fighters por telefone após ter sua bateria nas canções do segundo álbum, The Colour and the Shape (1997), regravada às escondidas por Grohl. "Eu sei como uma bateria deve soar", justifica o líder, que também não teve dó ao dispensar o guitarrista Franz Stahl, de quem era amigo desde a adolescência. O motivo? Stahl desejava participar do processo de composição das canções da banda.

Apesar de os depoimentos selecionados por Moll serem bastante polidos e diplomáticos, uma certa tensão, possivelmente causada pelo enorme ego de Dave Grohl, é percebida nas entrelinhas. Fica claro que, por trás da persona carismática, sorridente e mascadora de chicletes, há um líder autoritário, que não mede esforços para atingir a perfeição musical e mantém o processo criativo a rédeas curtas. Talvez por isso mesmo, o Foo Fighters seja uma das bandas de rock mais bem-sucedidas da atualidade. GGG1/2

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Serviço

DVD Foo Fighters: Back and Forth. Sony Music. R$ 79,90 (Blu-Ray) e R$ 39,90 (DVD). Documentário.