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O conflito gerado pelas decisões da vida, e os dois lados do desejo o de fincar raízes, ao mesmo tempo em que se quer "ganhar o mundo" é o tema que o dramaturgo Walter Daguerre aborda em seu texto inédito, no espetáculo A Mecânica das Borboletas, que estreia temporada em Curitiba na sexta-feira (15), na Caixa Cultural, com direção de Paulo Moraes, da Cia Armazém de Teatro (veja o serviço completo do espetáculo no Guia Gazeta do Povo). No elenco, estão os atores Eriberto Leão, Otto Júnior, Suzana Faíni e Ana Kutner. Os ingressos começam a ser vendidos hoje, ao meio-dia.
A peça, que já esteve em cartaz no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro e Brasília, e no Sesc Anchieta, em São Paulo, com temporadas lotadas, conta a história dos irmãos gêmos Rômulo (Eriberto Leão) e Remo (Otto Júnior), que moram em uma pequena cidade do interior, no sul do Brasil. Aos 18 anos, Rômulo foge de casa com as economias da família e fica sem dar notícias por 20 anos.
O retorno do personagem para casa, diz Daguerre, é um "barril de pólvora", já que há uma espécie de acerto de contas pelo fato de o irmão, Remo, ter assumido todos os problemas e responsabilidades familiares. "Quando ele volta, o quadro familiar já está bem alterado. O pai dele morreu, e ele nem sabia. E o outro irmão ficou segurando toda a onda sozinho." Esse reaparecimento, diz o autor, tem a ver com o lugar onde as pessoas encontram suas raízes. "Em alguma hora da vida, isso chama a gente de novo. Se você é uma pessoa que está ligada com a sua família é uma coisa. Mas, se é alguém que desgarrou, como o personagem do Eriberto, há um momento em que é preciso voltar para o quilômetro zero, recuperar a identidade."
A história, aliás, foi criada pensando no elenco, conta Daguerre. "Me sinto mais à vontade analisando as características de cada ator. O Eriberto e o Otto são diferentes, mas têm um tipo físico parecido. Quando você vê os dois em cena, compra a ideia de que são irmãos gêmeos."
Viagem
Foi uma ida para a cidade de Lavras do Sul, no Rio Grande do Sul, que despertou no autor a vontade de falar sobre os prazeres e as dores de nossas escolhas. "Há mais ou menos dois anos, eu era casado com a Ana Kutner e fomos para a fazenda do Paulo José [pai da atriz]. Passamos 15 dias lá, uma cidadezinha bem pequena, e fiquei pensando naquele modo de vida, muito ligado com a terra, sem internet, uma vida mais analógica e concreta. Por um momento, achei que seria bacana viver daquele modo." Entretanto, Daguerre também refletiu em como seria passar a vida toda em um lugar como aquele, e nas pessoas que mudam o rumo. "Pensei muito no Paulo, que saiu de lá e virou o artista que ele é. Todo mundo tem essa coisa por dentro, de querer abandonar tudo ou mudar e vida. Por isso resolvi escrever uma peça que falasse dessa dualidade."