"Essa vai ser minha primeira entrevista", comemorou o ator curitibano de 23 anos Gabriel Stauffer, ao receber o telefonema da Gazeta do Povo. Há dois anos, ele estuda seu ofício na prestigiada Casa das Artes de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, e, apesar daquela pontinha de dúvida sobre a falta de estabilidade, põe fichas na carreira. Que, aliás, começou enviesada.
"Sempre fiz teatro amador, desde criança. Um dia me chamaram na rua e perguntaram se queria ser modelo", contou, entre um café e outro em suas férias com a família na Argentina. Foi com uma abordagem dessas que Gabriel foi parar no Rio, já devidamente inscrito em uma grande agência de modelos.
"Fui com essa desculpa, mas eu queria mesmo ser ator", explica o ex-estagiário de agência de publicidade. Em sua primeira semana carioca, se inscreveu na escola fundada pelo diretor e roteirista Sérgio Britto, morto no último dia 17.
Ali, no início de dezembro, Gabriel participou de duas montagens concorridas: O Cerejal, de Anton Chekhov e O Coração da Cidade, de Renato Icarahya, apresentadas em sessão corrida no teatro da Casa das Artes de Laranjeiras.
Aprendizado
O trabalho em montagens de fim de ano escolar trouxe a oportunidade de colocar em prática ensinamentos essenciais para o ator, como o simples ato de chorar. Com a palavra, Gabriel: "Não dá para lembrar de coisas ruins pessoais, que a mãe morreu, por exemplo. Senão, nunca mais vou conseguir parar de chorar. Existe um trabalho de buscar afetos no próprio corpo para conseguir trazer isso para fora. Começa na respiração, em coisas mecânicas, e depois tento interiorizar o que o personagem está passando. Como eu estaria reagindo naquela situação?"
Questionado se deu certo, responde que, pela primeira vez, "fez isso com sucesso", em O Coração da Cidade. "Faço um personagem problemático, apaixonado pela mãe e ao mesmo tempo pelo médico. Na cena em que chora, ele tenta se matar."
Já em O Cerejal (mais conhecida como O Jardim das Cerejeiras), Gabriel interpreta Piótr Sergiêvitch Trofimov, ou Petya, um jovem estudante que serviu de tutor, no passado, a um garoto que morreu afogado.
Outro avanço: a convivência com a classe tem ensinado a lidar melhor com a vida de ator e seus estigmas. "Claro que um médico vai achar que é uma profissão menor. Mas aqui acabei entrando mais neste meio e vi que é algo levado a sério."
Nessa busca pela sua identidade como ator e pela valorização da carreira, Gabriel já decidiu que não irá esconder sua fé foi na Igreja Presbiteriana, afinal de contas, que começou a atuar, numa experiência que o levou até Moçambique. "Sempre declarei ser cristão, até em testes para papéis, e isso não foi motivo para fechar portas. Se vier a acontecer, é melhor nem entrar mesmo. A fé e os valores sempre vão estar acima de qualquer oportunidade de trabalho."
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