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Lançamento

Sobre literatura e algo mais

Livros reúnem entrevistas de escritores brasileiros participantes do projeto Um Escritor na Biblioteca, promovido pela Biblioteca Pública do Paraná

Autor de O Filho Eterno, Cristovão Tezza foi um dos convidados do projeto em 2011 | Divulgação
Autor de O Filho Eterno, Cristovão Tezza foi um dos convidados do projeto em 2011 (Foto: Divulgação)
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Escritor paulista e polêmico orador da abertura da Feira do Livro de Frankfurt, no ano passado, Luiz Rufatto contou que é um rato de sebo e costuma passar horas no garimpo, atrás de raridades. O autor "marginal" Reinaldo Moraes achava que só escrevia "maluquices que ninguém iria editar" e se diz assustado com o sucesso de seus livros Tanto Faz (Companhia das Letras, 1981) e Pornopopéia (Objetiva, 2009).

O romancista baiano Antonio Torres queria que seu texto soasse como um solo de Miles Davis. O carioca Sérgio Sant’Anna, quatro vezes vencedor do prêmio Jabuti, disse que gosta de registrar as ideias quando elas surgem. "Faço muita anotação. Teve uma época em que eu anotava muito em maço de cigarro. Outro dia, achei um maço de Galaxy com umas anotações que eu nem sei mais o que são."

Estas são pequenas amostras das conversas que alguns dos principais autores da literatura brasileira tiveram com o público curitibano no projeto Um Escritor na Biblioteca.

O conteúdo delas foi editado em dois volumes, lançados semana passada, pelo selo da Biblioteca Pública do Paraná (BPP).

Os livros têm tiragem de mil exemplares e serão distribuídos para todas as bibliotecas públicas do estado. Também estarão à venda na própria BPP.

De Leminski a Terron

Cada um dos livros abrange uma das diferentes fases do projeto. Criado nos anos 1980, o bate-papo trouxe a Curitiba, entre 1984 e 1986, onze autores da literatura brasileira. Entre eles Luis Fernando Verissimo, Fernando Sabino e Paulo Leminski.

Em 2011, o projeto foi retomado pela BPP com uma programação mensal. Nesta segunda fase, dez escritores já participaram. Entre eles, Cristovão Tezza, Joca Reiners Terron e Ignácio de Loyola Brandão.

De acordo com o diretor da BPP, Rogério Pereira, as conversas vão ao encontro de uma nova realidade da literatura brasileira, em que o escritor não pode mais "apenas" escrever livros.

"Espera-se dele, também, que dialogue com seus leitores, fale de seu processo criativo, das ilusões e desilusões de seu ofício e que, com isso, também desmistifique a figura do criador de ficção ou poesia", explica.

Lendo as entrevistas, é interessante constatar que na primeira fase a grande preocupação dos autores era em relação à política e à redemocratização do país. Nas atuais edições, os temas são outros. Além da formação intelectual e literária dos escritores, os relatos dão conta de assuntos como a formação de novos leitores, a profissionalização do mercado editorial brasileiro, o estudo da literatura em escolas e universidades e, claro, a autoavaliação dos escritores a respeito de suas próprias trajetórias.

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