Acordes
Matizes reúne 12 canções inéditas, todas assinadas por Djavan.
O design gráfico da capa do CD buscou inspiração em obras do pintor holandês Piet Mondrian, cuja obra é marcada por figuras geométricas.
Djavan se lançou como compositor em 1976.
O novo CD de Djavan, Matizes, transita desde o mais lírico e improvável, como o prazer de uma joaninha andando na folha ao sol, até temas palpitantes do noticiário, entre eles a CPMF e a devastação das matas brasileiras. Faz, portanto, justiça ao título.
O disco tem 12 músicas inéditas, canções com arranjos vigorosos, calcados em blues, para letras aparentemente simples, mas de soluções nem tanto, e imagens que instigam, ficam na cabeça.
Senhor de sua carreira, e certeiro nos passos dessa trajetória, Djavan tem uma forma acelerada de se expressar. E, quando fala como arranjador, é matemático. Confessa compor para si mesmo, e que, quando sai do estúdio achando que tem uma música boa, nem quer saber de opiniões alheias. E se mantém admiravelmente seguro, sem entretanto demonstrar um pingo de empáfia, num mercado que classifica como "convulso".
Disco nas lojas, começam os ensaios para o novo show, que estréia em outubro no interior de São Paulo, passa pela capital paulista e depois segue para o resto do país.
Sobre o processo de gestação de Matizes, Djavan conta que a gênese do disco coincidiu com outra gravidez: a de sua mulher, Rafaela.
"Ela teve uma gravidez difícil e eu quis ficar com ela. Então, não compus o disco de uma vez, gravei às vezes durante duas ou três semanas num mês, para depois ficar um mês sem gravar nada. Eu meio que fiz essa conjunção entre ficar com o bebê e a Rafa, e a produção do disco", relata o compositor alagoano.
Sobre a faixa "Imposto", talvez a que chama mais atenção do ouvinte na primeira audição do álbum, Djavan revela o porquê da opção por tratar de um tema tão árido como o da carga tributária que assola o país, utilizando uma melodia de bossa nova. "Acho que a credibilidade é maior, passa melhor a imagem. Você é obrigado a parar para ouvir. Em geral, uma música que conduz uma letra de protesto é exteriorizada, para fora, é mais agressiva e tal. Eu queria justamente o oposto", explica.
Homenagem
Alagoano de nascimento, mas radicado no Rio de Janeiro há 30 anos, o compositor finalmente resolveu homenagear sua cidade de adoção. Ele justifica a demora, alegando que a capital fluminense já foi muito cantada e é sempre um desafio grande fazer música para um lugar assim. "Resolvi fazer por ser um desafio, e também pelo fato de eu achar que estava devendo uma música exaltando a cidade, por tudo o que ela me deu."
Vanguarda
Apesar de ser um nome consagrado da MPB, dentro e fora do país, Djavan ainda tem seu nome associado à vanguarda da cena nacional. Sobre essa espécie de vocação, ele afirma ter uma busca incessante pela novidade. "Tenho uma carreira longa, fiz muita coisa. E tenho uma autocrítica muito grande, é muito difícil eu me agradar. Eu não penso em nenhuma outra coisa quando estou compondo a não ser agradar a mim mesmo. Nunca fiz para ninguém, fiz para mim mesmo", garante.
Essa busca por uma independência fica clara na opção de não ter seu nome atrelado a uma gravadora e criar seu próprio selo, comandado pela empresário do artista, Mara Rabello. "Claro que eu estou ali para dizer as coisas mais importantes, mas abri a gravadora para exatamente ter mais campo livre para fazer o meu papel de compor e cantar. Quero conduzir minha carreira de maneira totalmente independente e individual. Eu não saí de gravadora para ter liberdade de trabalho, de criação, as gravadoras nunca interferiram nisso".
Deixe sua opinião