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Cenário de grande porte e figurinos modernizados preenchem o palco do Guairinha com a adaptação do texto grego | Chico Nogueira/Divulgação
Cenário de grande porte e figurinos modernizados preenchem o palco do Guairinha com a adaptação do texto grego| Foto: Chico Nogueira/Divulgação

Estreia

A Máquina Infernal

Guairinha (R. XV de Novembro, s/nº), (41) 3304-7900. Estreia dia 6. Quarta a sexta-feira às 20 horas. Sábado, às 16h30 e 20 horas; domingo, às 18 horas. Até 22 de março. R$ 15 e R$ 7,50 (meia-entrada), mais R$ 6 (taxa administrativa). Classificação indicativa: 12 anos. Assinantes da Gazeta do Povo têm desconto de 50% na compra de até 2 ingressos por titular.

Dar nova roupagem aos clássicos com o objetivo de aproximá-los dos jovens é sempre um projeto nobre – e a Gran Companhia D’Arte Dramática promete não só isso, mas um "espetáculo grandioso" com A Máquina Infernal, que estreia hoje no Guairinha. A releitura de Édipo Rei ganhou esse nome pelas mãos do francês Jean Cocteau (1889-1963) em 1934, e uma versão condensada, em português, pelo italiano Roberto Innocente, que dirige a montagem curitibana.

Líder do grupo Arte da Comédia, voltada para a commedia dell’arte e peças populares, ele navega dessa vez por novos mares, com cenário e figurinos mais modernos e que ocupam todo o palco do teatro, cuja plateia comporta cerca de 500 pessoas. Além da temporada até 22 de março, aberta ao público maior de 12 anos, a ideia é receber adolescentes em grupos de escola.

Em quatro partes, o espetáculo conta a fábula do jovem Édipo, que nasce sob péssimas previsões do oráculo local. Na tentativa de escapar do terrível presságio de que mataria o pai e se casaria com a mãe, ele acaba justamente executando seu destino. Mata o pai pensando ser um viajante que o confronta, e desvenda a charada proposta pela Esfinge que atemoriza a cidade de Tebas. Como prêmio, casa-se com a rainha Jocasta, sem saber que ela é, justamente, sua mãe. Quando a cidade é amaldiçoada por isso, o cego Tirésias auxilia Édipo a reconhecer o peso de seus atos.

"A história é a mesma [do original de Sófocles], mas há um paralelo evidente com a sociedade de hoje. O jogo é todo em cima do livre arbítrio", conta Innocente à Gazeta do Povo.

Mudanças

Uma modificação que poderá ser sentida em relação a montagens anteriores é a redução da importância conferida à relação incestuosa entre mãe e filho. "Foi uma opção clara e certeira de não trabalhar a questão sexual, o que se afasta de um clichê. O que é mais marcado é até onde nossa vida pode sofrer interferência dos deuses", comenta a atriz Ludmila Nascarella, que interpreta Jocasta. Para ela, a personagem surge nessa adaptação sem tanta culpa e perversão, e mais sagrada e maternal.

Outra opção de Innocente foi manter contato com o público, o que é proporcionado pela narração de prólogos que antecedem a representação das ações. "Ele mostra guardas sobre uma muralha ou uma matrona comentando a situação da cidade, o que permite ter a visão do povo", adianta a atriz Rosana Stavis, que interpreta o cego Tirésias. "As relações de poder que se estabelecem na peça têm muito a ver com a política de hoje. Os temas são muito contemporâneos", acrescenta, referindo-se à metáfora da "máquina infernal" que rendeu o título da peça.

A encenação, com um resultado bastante visual e pensada para um possível efeito estético, requereu um longo período de ensaios. "Tivemos a honra de ensaiar 40 dias ou mais no palco, o que permite ter maior intimidade com o cenário e até um afeto maior pelo trabalho", avalia Ludmila.

Também estão no elenco Gerson Delliano, João Graf, Joseane Berenda e Marvhem HD.

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