Murilo Hauser retorna ao Festival de Curitiba com mais uma peça da Sutil Cia| Foto: Arquivo pessoal
Cena do curta de animação Meu Medo, lançado ano passado
Outubro (2007); experiências com novas linguagens em curta

O sonho de infância era ser violinista. E foi assim que Murilo Hauser entrou na vida artística. Esse é o ponto menos óbvio para começar a falar dele, deixando para mais tarde os curtas-metragens, as animações, os trabalhos teatrais, as óperas, entre diversas manifestações artísticas com as quais vem trabalhando desde muito jovem.

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Mas, voltando à música, Hauser realizou o sonho e se tornou violinista da Orquestra de Câmara da PUCPR, com apenas 13 anos. O dinheiro dos concertos serviram para pagar os estudos iniciais de cinema e, pouco a pouco, as portas se abriram também para o teatro. Ele chega a 2011 com novos trabalhos que serão apresentados no Festival de Curitiba. Mas não toca violino em nenhum deles.

Integrante da Sutil Companhia de Teatro desde 2003, ele assina a codireção da montagem Trilhas Sonoras de Amor Perdidas , que tem sua pré-estreia no evento. A montagem é dirigida por Felipe Hirsch é a tão esperada segunda parte da trilogia Som e Fúria, iniciada em 2000 com o sucesso de A Vida É Cheia de Som e Fúria.

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A adaptação do escritor Nicky Hornby foi a grande responsável por alavancar nacionalmente a carreia de Hirsch, do ator Guilherme Weber e da própria Sutil. "Existe uma espécie de culto de pessoas apaixonadas por A Vida É Cheia.... É muito louco lidar com isso", revela Hauser.

A tarefa de participar da continuação do projeto, portanto, não é das mais fáceis para Hauser, que também foi um espectador tocado pela obra em sua estreia, bem antes de entrar para a companhia.

"Eu praticamente dormi na porta do teatro para conseguir falar com eles", relembra em tom de brincadeira, mas com certo fundo de verdade. "Sempre acompanhei os trabalhos da Sutíl. Quando descobri que eles estavam ensaiando uma peça no Teatro HSBC, fiquei na porta até às 3 horas da manhã para conseguir falar com o Felipe." Sua estreia oficial na companhia foi com Avenida Dropsie , já como assistente de direção. De todas as produções conduzidas por Hirsch, Hauser só não participou do monólogo Viver sem Tempos Mortos, com a atriz Fernanda Montenegro e do show de encontro entre Roberto Carlos e Caetano Veloso, em homenagem ao aniversário de 50 anos da bossa nova.

Filmes

O curta de animação Meu Medo, de 2010, é o último trabalho de Hauser em cinema, outra área que leva muito a sério, e representa bem essa inquietação em busca de novas linguagens. Assim como já fez em sua entrada oficial no teatro, que aconteceu graças à junção da música e do au­­diovisual, assumindo as projeções do projeto Ópera Ilustrada, de Marcio Abreu.

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Entre seus trabalhos mais recentes estão a codireção da peça Hell, de Hector Babenco e a aplicação da técnica light grafitti ao espetáculo circense DNA, Somos Todos Iguais, da companhia Circo Roda e com direção de Hugo Possolo . A nova tecnologia de projeções é utilizada como mais um personagem no enredo que fala de desajustes sociais e também faz parte da edição deste ano do Festival de Curitiba.

Esse flerte com novos recursos visuais vem do reconhecimento que Hauser conquistou em suas animações.

Além de O Medo , também realizou Silêncio e Sombras, em 2008. "O engraçado é que foi na animação que eu consegui juntar todas essas diferentes tendências artísticas que percorrem meu trabalho. Consegui ser diretor e curtir todo o processo. Em Silêncio e Sombras, a música é tão importante quanto os enquadramentos e o roteiro." As duas produções levaram os prêmios de melhor curta nacional de animação no Festival Curta Cinema, no Rio de Janeiro.