É sempre bom assistir a um espetáculo que é fruto de um momento de encanto de alguém. No caso de Buanga, a Noiva da Chuva (confira o serviço completo do espetáculo), de uma experiência vivida pelo diretor Marcello Andrade dos Santos, em 1985, quando viajou com um grupo para a Argentina e presenciou uma apresentação de teatro de sombras, executada por um casal de idade. "Voltei ao Brasil e logo fiz meu primeiro trabalho nesse estilo", contou à Gazeta do Povo.
Considerada uma das formas de teatro animado, as sombras são criadas pela movimentação de bonecos, bailarinos e objetos entre um projetor de luz e uma tela.
Com seu grupo Karagözwk (pronuncia-se "caragosca"), Marcello já produziu mais de 20 peças dentro desse segmento. A que estreou ontem e fica até dia 30 de setembro em cartaz no Teatro Falec (R. Mateus Leme, 990), Buanga, a Noiva da Chuva, foi buscar na literatura oral africana um tema pouco abordado nos palcos curitibanos. Entre as tradições reais de algumas tribos daquele continente estaria o isolamento de meninas no alto de montanhas, dedicadas ao apaziguamento dos deuses para que enviassem a chuva que falta.
Na trama, Buanga é uma dessas "noivas" sacrificadas e é levada para seu exílio ainda muito nova. Mas a paixão de Demba, filho do principal caçador da tribo, por ela, o leva a enfrentar a tradição, curandeiros e deuses para salvá-la.
O texto, de Rogério Andrade Barbosa, foi adaptado pelo grupo para a montagem de forma a ressaltar a "força enigmática das imagens e do som". "Se ficássemos só no texto, o espectador não iria viajar", explica Santos.
A estética do espetáculo flerta com as artes plásticas ao usar luzes preto e branco e coloridas, recortes, corpos e objetos para contar essa história.
Técnica
O teatro de sombras surgiu em meio ao teatro de bonecos do Oriente, numa técnica que muito antes de Cristo já era utilizada na Índia. No século 13, ele perde a ligação exclusiva com o serviço religioso e é transmitido a outras partes do mundo.
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