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Cena do filme "Sonho Bollywoodiano" | Divulgação
Cena do filme "Sonho Bollywoodiano"| Foto: Divulgação

Com pouco dinheiro no bolso, criatividade e três atrizes talentosas, a diretora brasileira Beatriz Seigner rumou para a Índia. Chegando lá, encontrou um país estranho, exótico, bonito, mas melancólico, colorido, mas pobre. O resultado é "O Sonho Bollywoodiano" (veja horários da sessões; atenção à data de validade da programação em cinza), parte comédia, parte drama com algumas doses de documental.

Paula Braun ("O Cheiro do Ralo"), Lorena Lobato ("Hotel Atlântico") e a estreante Nataly Cabanas são as protagonistas. Jovens atrizes brasileiras que, sem emprego, rumam para o maior pólo de produção de filmes do mundo.

Um diálogo numa das primeiras cenas dá o tom. Ao chegar no aeroporto, um funcionário da imigração, antes de carimbar o passaporte, pergunta o motivo da viagem.

Sem falar inglês, uma delas responde à amiga: "Fala para ele que eu sou atriz, não tenho emprego, tenho um filho para criar e vim para Índia em busca de emprego." A outra responde, indo bem além da mera tradução: "Nós viemos aqui em busca de iluminação espiritual." E assim ganham entrada na Índia.

É esse choque cultural e o jeitinho brasileiro para driblar as dificuldades que guiam as três personagens. Ana (Paula), Luna (Lorena) e Sofia (Nataly) chegam apenas com a mala e a boa vontade, logo descobrem que a reserva no hotel não existe mais, e um tal de Vijay, produtor que lhes daria emprego, talvez nem exista.

Ainda assim, elas tentam encontrar um trabalho, ou alguma forma de matar o tempo. Um garoto as ensina a dançar. Ele é um professor sério, mais sério do que suas alunas.

O choque cultual, é claro, tem um papel central em "O Sonho Bollywoodiano" (veja horários da sessões; atenção à data de validade da programação em cinza). Mas Beatriz Seigner, diretora estreante em longas, não se deslumbra pelo exótico. O filme tem um olhar estrangeiro inevitável, mas centrado, que busca a beleza real e não o estranho.

Fica clara a liberdade que as atrizes tiveram em criar seus personagens e diálogos - além de interagir de verdade com os indianos. Nisso, o filme conta com a sagacidade do trio de moças, que souberam aproveitar várias oportunidades, criando uma dinâmica muitas vezes engraçada com os não-atores nativos.

O que mais chama a atenção no filme de Beatriz, além das diferenças entre Brasil e Índia, é que aqui vemos uma jovem diretora consciente do material que tem em mãos - sem explorá-lo demais ou de menos - deixando que o filme aconteça com naturalidade.

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