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Vídeo| Foto: Reprodução RPC TV

Despedidas de domingo

Este é o último fim de semana para três montagens em cartaz na cidade. Pagu Leal se despede de duas: Instruções para Lavar Roupa Suja, em que atua, e Belverede, da qual responde pela direção. Para os pequenos, é a última chance de ver Eu, Joana, peça dirigida por Manoel Kobachuk, em cartaz no Teatro de Bonecos Dr. Botica.

Instruções para Lavar Roupa Suja, apresentada no Mini-Guaíra, é a história de Alice e Miguel, inseparáveis como quaisquer bons amigos de infância. A possibilidade de ele sair do país, no momento em que acredita ter encontrado seu grande amor, faz com que ela perceba que a sua vida não vai assim tão bem quanto imaginava e a se questionar sobre como recomeçar.

Em Belverde, em cartaz no teatro José Maria Santos, a protagonista é a artista plástica Carmilla D’Anvers, que tenta se recuperrar do trauma da morte do marido, se isolando em uma casa de campo. Pressionada, ela toma uma atitude drástica às vesperas da entrega de mais uma obra e da chegada de sua marchand, Lucrécia.

O ator e diretor Caike Luna não chegou a assistir à a elogiada montagem de Celso Frateschi para o conto Sonho de um Homem Ridículo, apresentada no Festival de Teatro de Curitiba do ano passado.

Mas, quando decidiu também encarar a adaptação do denso texto russo para o palco, o curitibano, de 28 anos, sabia que não poderia fazer como seu colega paulista, com quase três décadas a mais de vivência: dar conta das dificuldades do texto e da atenção da platéia com apenas uma poltrona como cenário. Questão de experiência.

Consciente de que, aos dez anos de carreira, ainda é um artista novo, Luna optou por uma adaptação que aproximasse o conto do seu universo, para que o resultado fosse verossímil, em vez de farsesco.

Diretor e único ator em cena, ele apresenta a montagem baseada na obra literária de quinta-feira a domingo, no Teatro Experimental da UFPR (Teuni), às 21 horas, com entrada gratuita.

Para avivar a ambientação fantástica concebida por Dostoiévski, Luna e a equipe foram buscar inspiração na linguagem do teatro expressionista e do butô. O cenário ganhou toques surrealistas. Nada que aprisionasse a montagem em um estilo, para não perder o foco no principal, segundo o diretor: a linha de raciocínio do texto.

No trabalho de adaptação, o diretor contou com a ajuda de Emerson Rechenberg, na função de assistente. Rechenberg trouxe a experiência de ter feito recentemente um trabalho semelhante com outro conto do escritor russo, Memórias de Subterrâneo, também um monólogo.

Preocupado em tornar Sonho de um Homem Ridículo mais facilmente compreensível para o público, o Luna conta que confrontou duas traduções do conto – a mais antiga, de Ruth Guimarães, e uma recente, de Vadin Nikitin, com linguagem mais atual, que lhe serviu para tornar o texto acessível. Com o mesmo intuito, foram cortados os trechos prolixos.

O lado "otimista" do conto foi o que atraiu o encenador. Na história em que um homem decidido a se suicidar adormece e sonha com um mundo utópico, no qual a autoconsciência (do que há de ridículo em cada um) não impede a felicidade, Luna viu uma mensagem otimista a ser transmitida à platéia, a de que é possível ser feliz.

"O grande problema de montar o texto literário de um autor como Dostoiévski é conseguir deixá-lo tão interessante quanto no livro, desconstruir um pouco a narrativa sem perder a essência, porque o mais importante do texto é passar a mensagem de que existe dentro de cada pessoa uma coisa boa, positiva", diz o diretor.

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