A performance musical está intimamente ligada aos movimentos do espetáculo| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

"Como é uma língua universal, o que você sente é emoção. Você pode ser de qualquer nacionalidade. Não vai perguntar ‘o que ela disse?’. Tudo se resume à emoção."

"Eles me dizem: ‘hoje estou triste’, ou ‘hoje preciso de força’. Ou ainda ‘hoje tenho toneladas de energia!’. Sabendo disso, posso colocar essa intenção em minha voz."

Isabelle Corradi, cantora.

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Isabelle Corradi, que é irmã da compositora da trilha sonora de Varekai: cantora responde ao estado de espírito dos artistas ao entrarem no palco
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Quem vai às apresentações do Cirque du Soleil, que está com o espetáculo Varekai em cartaz até o dia 15 de julho no Exportrade, em Pinhais, logo descobre que não identifica o idioma falado e cantado por ali. E nem deve: a companhia canadense usa uma língua inventada, justamente para que o idioma não seja uma barreira entre o público e o show.

Um dos papéis mais representativos desta total liberdade para se comunicar por meio da emoção é interpretado pela cantora Isabelle Corradi, a principal vocalista da trilha sonora de Varekai.

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Em meio às referências multiétnicas das composições feitas para o espetáculo – que, inspirado pela cultura dos povos nômades, absorve desde a música oriental até o pop, passando pela África –, Isabelle e o parceiro Craig Jennings cantam letras cujos sentidos estão na intenção. "Como é uma língua universal, o que você sente é emoção. Você pode ser de qualquer nacionalidade. Vai estar na plateia e não vai perguntar ‘o que ela disse?’", diz Isabelle. "Tudo se resume à emoção."

Música e movimento

A cantora, que se apresenta com o Cirque de Soleil desde 1994, explica que a trilha sonora tem um papel fundamental nos shows da companhia, já que sustenta o espetáculo dos movimentos. "Trabalhamos com os melhores talentos do mundo, a maioria medalhistas de ouro. E a música engrandece o movimento", diz Isabelle, que também é atriz e dançarina, e já foi treinadora dos acrobatas.

O diálogo entre a performance musical e o palco não se resume aos elementos previstos nos números – base sobre a qual trabalhou a compositora da trilha sonora, a compositora Violaine Corradi, que é irmã de Isabelle.

"Eu respondo aos números e tenho a honra de compartilhar as emoções dos artistas antes de entrarem no palco", conta a cantora. "Eles me dizem: ‘hoje estou triste’, ou ‘hoje preciso de força’. Ou ainda ‘hoje tenho toneladas de energia!’. Sabendo disso, posso colocar essa intenção em minha voz."

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Tribo

A conexão em facetas tão sutis é reforçada pelos laços comunitários que se criam no Cirque du Soleil, conforme explica Isabelle. "Somos como uma tribo, uma pequena aldeia viajando para todo lugar. E somos uma família, porque estamos mais com as pessoas com quem trabalhamos do que com nossos familiares de sangue", conta. "Somos uma família que viaja o mundo distribuindo amor."

O modo de vida alternativo é justamente o que atrai a maioria dos artistas ao circo – incluindo Isabelle, que, com Violaine, é a terceira geração de músicos da família.

"Muitas vezes, escuto histórias como essas dos músicos e cantores. Eles queriam uma vida nova. E essa é uma vida nova, me permita dizer. É diferente de tudo o que eu já fiz em minha vida", conta.

A experiência, de acordo com Isabelle, se torna uma grande transformação pessoal ao aglutinar as 25 nacionalidades de onde vêm os membros do Cirque du Soleil. E a abertura a essa diversidade transforma cada um como artista. "Você pode ser um bom cantor, ou instrumentista, mas tudo o que você vive aqui dentro se transpõe para a sua arte. Abrindo o seu coração para tudo isso, você canta melhor e toca melhor."

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