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Silvestre: “Sempre fui um escritor. Só me tornei jornalista porque sou leitor.” | Divulgação
Silvestre: “Sempre fui um escritor. Só me tornei jornalista porque sou leitor.”| Foto: Divulgação

Bufunfa e louros

Prêmio São Paulo de Literatura é a láurea que paga melhor no Brasil

Incomparável

A cada ano, o Prêmio SP brinda dois autores, um estabelecido e outro estreante, cada um com R$ 200 mil. Ano passado, Ronaldo Correia de Brito (livro do ano) e Altair Martins (estreante) venceram. Na primeira edição, Cristovão

Tezza (livro do ano) e Tatiana Salem Levy (estreante) faturaram. Além do dinheiro, uma vez premiados, os vencedores conquistam espaço no mercado e a atenção dos leitores. Mesmo "novo", foram apenas três edições, o Prêmio SP já supera, até em relevância simbólica, os tradicionais prêmios Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro (CBL), o Portugal Telecom e o da Jornada de Passo Fundo.

  • Autor de dezenas de livros, professor de cursos de criação, Carrero vive literatura

Na noite da última segunda-feira, uma van transportou nove autores de um hotel paulistano até o Museu da Língua Portuguesa. Dentro do veículo, estavam dois dos autores que seriam, minutos depois, os vencedores da terceira edição do Prêmio São Paulo de Literatura: Edney Silvestre e Raimundo Carrero.

A cerimônia de entrega do prêmio foi rápida. Poucos minutos. Mas, para Edney Silvestre, o mundo até parou por alguns instantes. Quando o seu nome foi anunciado como o vencedor da categoria estreante, ele sentiu um susto. "Não conseguia levantar da cadeira", conta.

Silvestre, mais conhecido pela sua atuação como repórter da TV Globo, estreou na literatura ano passado, com o romance Se Eu Fechar os Olhos Agora (Re­­­cord).

O escritor, após alguns aplausos, finalmente, levantou da cadeira.

Ele ganhou R$ 200 mil, o maior valor pago por um prêmio no Brasil. Mas, além do reconhecimento monetário, há a questão simbólica. "Começo a ser reconhecido como autor", festeja.

Silvestre pediu para usar o microfone.

Ele tinha um discurso entalado na garganta, e que foi verbalizado durante aquele momento, para ele, inesquecível.

O escritor criticou "um certo presidente, de um certo país, que disse que toda vez que pega um livro, cai no sono", numa referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Silvestre não se conforma com o fato de o presidente Lula alegar que "chegou aonde chegou" sem ter lido nenhum livro. "O livro e a leitura são instrumentos de transformação pessoal poderosíssimos. Ninguém, nem mesmo uma autoridade, tem o direito de desmerecer a leitura", critica.

Hoje, Silvestre já está no litoral fluminense. Ele fará a cobertura jornalística da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). "Sigo trabalhando normalmente", diz, negando que, por exemplo, venha a monopolizar as atenções durante o evento literário mais baladalo do Brasil, do qual ele participa, não como convidado, mas no papel de repórter.

Já o pernambucano Raimundo Carrero, com quem a reportagem da Gazeta do Povo não conseguiu falar ontem até o fechamento desta edição, venceu na categoria Livro do Ano, e também levou R$ 200 mil, pelo romance A Minha Alma É Irmã de Deus (Record).

Ele usou o microfone para, por meio de uma brincadeira, alfinetar os autores do Sudeste. "Pelo visto os nordestinos estão invadindo a cidade, e temos muito o que ensinar a São Paulo", afirmou, referindo-se ao cearense Ronaldo Correia de Brito, que venceu, no ano passado, a mesma categoria com o romance Galileia.

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