SPFW confirma tendências e quebra certezas no fim de semana

• 0

Como sempre acontece, o fim de semana da São Paulo Fashion Week é sempre mais agitado. Gente interessada no mundo da moda, que está de folga no trabalho, dá uma passada no prédio da Bienal para conferir o que está rolando dentro e fora das salas. Os desfiles são mais um detalhe do programa, no qual é possível trombar com uma celebridade da tevê ou ganhar um brinde de uma marca de cosmético.

André Lima

Voltando a falar em moda, o fim de semana confirmou algumas tendências e quebrou algumas certezas que pareciam já estar amalgamadas, como a presença irrestrita do preto. No sábado, o estilista André Lima, que agora tem como sua stylist Cristina Franco - aquela que apresentou durante anos o quadro Ponto de Vista do Jornal Hoje - apresentou um desfile de amplos vestidos generosamente estampados, lembrando a África e tendo o vermelho como ponto de partida. Seria repetitivo - o verão foi todo de vestidões - , não interpretasse ele o íntimo desejo que nós mulheres temos de descer uma escadaria com um pano esvoaçante por trás - bem Cinderela em Paris.

Fause Haten

Outro que sempre interpreta a busca pelo feminino é Fause Haten, que foi para o lado do chique estilo anos 50, com saias fartas em tule, corpetes ajustados e cinturas bem marcadas. Sua palheta é mais contida, veste a mulher para a festa com o bom e certeiro preto, com toques de brilho.

Ronaldo Fraga

Ronaldo Fraga e sua moda autoral e alegórica é sempre aguardado e dificilmente decepciona os fashionistas. Sua Festa no Céu - cuja cenografia contou com uma passarela suspensa sobre uma piscina de bolinhas - iniciou com uma série de roupas em preto com volumes, principalmente na parte de cima, bordados de madripérola e terminou com vestidos de seda, de volumes e formas mais limpas que nas últimas estações. Sempre detalhista, não esqueceu de colocar alusões como asinhas de anjo estilizadas em echarpes.

Huis Clos

Sabe aquela mulher chique sem fazer esforço? É assim que transparece a coleção de inverno da Huis Clos, uma marca de consumidoras fiéis, que buscam na simplicidade a diferenciação. Com seu trabalho de moulage - quando a roupa é construída no corpo da modelo - a estilista Clô Orozco compôs um guarda-roupas em tons naturais de bege, areia e preto, no qual o ponto marcante são as amarrações, os drapeados, os deslocamentos de tecido, sem usar sequer um zíper ou botão. A proposta é a elegância pela sutileza, com as cinturas marcadas e os tecidos que proporcionam um bom caimento na roupa, com destaque para a malha.

Herchcovith

Outro ponto alto do sábado foi a coleção masculina de Alexandre Herchcovith, que partiu da idéia dos príncipes - antigos e modernos. Neste caso parece tratar-se de um nobre deposto, pois ele colocou na passarela os modelos chorando. O fato é que mesmo ao apropriar-se de peças do vestuário feminino - ele integrou saias longas em alguns looks - este homem é moderno, e nada afeminado. As calças são secas, o black jeans bem lavado e os casacos , curtos ou longos, ganham grandes botões de metal, lembrando uniformes. No seu jogo de estampas e padronagens, xadrez com tecido metalizado e estamparia de correntes - uma imagem que fica deste príncipe triste.

Osklen

No desfile unissex da Osklen supervolumes (para um inverno rigoroso), sobreposições, franjas e acessórios utilitários, pois o criador da marca, Oskar Metsavaht, é antes de tudo um contador de histórias, que desta vez se inspira em uma expedição a Caxemira. Na parte feminina, destaque para o vestido regata ultradecotado com três camadas de babados.

Gloria Coelho

Neste domingo, quem abriu os desfiles desta 20 São Paulo Fashion Week foi Gloria Coelho. Fiel aos seus princípios, ela fez uma coleção quase monocromática em preto, na qual as golas altas e rolês tem papel fundamental lembrando o classicismo que predomina na temporada. O melhor momento do desfile foram os vestidos curtos inspirados em bonecas com amarrações de fita e tule com aplicações em espiral. Romântica, sem ser óbvia.