O cineasta Steven Spielberg confessou neste domingo, em Paris que se parece muito com Tintin, a personagem de seu novo filme, "O segredo do unicórnio", que teve sua estreia mundial no sábado, em Bruxelas, terra natal do criador Hergé.
Tintin não é um personagem de outro planeta, como "E.T.", nem um super-herói como o de tantos filmes do cineasta americano. "É a única personagem que dirigi que não é incomum", declarou Spielberg em coletiva de imprensa em Paris.
"Tintin tem uma certa pureza. Não tem um mundo secreto, não tem uma agenda oculta. Em cada historinha, ele se entrega totalmente a resolver o mistério", comenta o cineasta. "Quando o conheci, há quase 30 anos, fiquei encantado com seu mundo, seu humor. Senti que tínhamos muita coisa em comum", acrescentou.
"O que temos em comum é que nós dois gostamos de uma boa história. Como cineasta, gosto de contar uma boa história, e ele, como repórter, gosta de perseguir uma boa história", explicou ainda.
Segundo ele, seu maior problema era construir todo um mundo de personagens estranhos criados por Hergé, como Castafiori ou o capitão Haddock, por isso sabia que não podia fazer um filme com atores de carne e osso, ou apenas de animação.
"Para ser fiel a Hergé e ao universo de Tintin, foi necessário esperar a aparição e desenvolvimento da tecnologia 'motion capture'", enfatizou.
"Só esta técnica podia dar a flexibilidade necessária", explicou, por sua vez, Peter Jackson, o gênio por trás de "O senhor dos anéis" e que foi responsável pela parte técnica e estética do filme.
Já Gad Elmaleh, o único ator francês do filme, admitiu que seu ego sofreu bastante por trabalhar oculto por um personagem animado.
"Pedi ao Steve que ligasse para minha mãe, que viu o filme ontem, e dissesse que sou de verdade no filme", brincou. "Mas também é muito interessante para um ator se esconder por trás de sua personagem", acrescentou.
Em compensação, o intérprete de Tintin, o britânico Jamie Bell ("Billy Elliot"), se disse contente com o trabalho escondido pela animação. "Vou poder sair para comprar pão sem que ninguém me reconheça".
"As Aventuras de Tintin: O Segredo do Unicórnio" teve sua estreia mundial no sábado, na capital da Bélgica - terra natal do célebre personagem criado há 80 anos por George Remi, mais conhecido como Hergé -, 30 anos depois de Spielberg pensar pela primeira vez em levar o personagem para o cinema.
O criador de "E.T." assegurou que Hergé teria gostado muito de seu filme.
"É uma grande honra trazer Tintin para casa. Bruxelas é sua cidade natal", declarou no célebre diretor à imprensa antes da exibição do filme.
"Hergé foi um grande artista, ilustrador e escritor. Foi um cineasta sem câmera", explicou Spielberg.
"Acho que Hergé teria gostado do filme. Sinceramente", acrescentou, enfatizando que sua prioridade foi respeitar o estilo e o espírito do quadrinho.
Spielberg estava fascinado desde 1981 pelo repórter de topete e sapatos esportivos, que o cineasta considera o antecessor de Indiana Jones, o arqueólogo da saga também dirigida por ele, um dos maiores sucessos da história do cinema.
Críticos que já assistiram o filme em Paris consideram que a longa espera valeu a pena e que o diretor de "E.T." conseguiu captar a magia do herói que conquistou várias gerações de amantes dos quadrinhos.
O projeto de Spielberg de filmar Tintin, um personagem quase desconhecido nos Estados Unidos, foi uma aventura desde o início.
O diretor contatou Hergé em 1983 e o belga parecia entusiasmado em trabalhar com o americano, mas o criador de Tintin faleceu antes de um encontro. Foi a viúva do artista, Fanny, quem cedeu ao cineasta os direitos para levar o repórter ao cinema, em 2006, após árduas negociações.
Mas Spielberg teve que esperar pelo desenvolvimento da "motion capture" (captura de movimento), pois queria que os movimentos de atores reais em animação reproduzissem a emoção e a expressividade aos personagens.
Bell vestiu uma roupa especial com pontos eletrônicos, que ao ser captados pela câmeras permitiu aos animadores reproduzir seus movimentos no cinema.
Milu, o cão que é o fiel amigo de Tintin, é o único personagem completamente digital do filme, baseado em três histórias em quadrinhos.
O lançamento do filme também tem um caminho distinto ao usual: ao invés de uma estreia nos Estados Unidos, "As Aventuras de Tintin" será exibido primeiro na Europa.
A estratégia é criar uma grande expectativa para a estreia do filme nos Estados Unidos, às vésperas do Natal, que é uma das grandes esperanças de bilheteria de Hollywood.
Congresso mantém queda de braço com STF e ameaça pacote do governo
Deputados contestam Lewandowski e lançam frente pela liberdade de expressão
Marcel van Hattem desafia: Polícia Federal não o prendeu por falta de coragem? Assista ao Sem Rodeios
Moraes proíbe entrega de dados de prontuários de aborto ao Cremesp