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"Um caixote de vidro e concreto." Era assim que chamavam a construção da Rua da Paz, no centro de Curitiba, projetada em 1949 pelo arquiteto paranaense João Batista Vilanova Artigas (1915 – 1985). Singular e incomum para a época, a casa, hoje tombada pelo patrimônio histórico, criou polêmica e foi alvo de uma enxurrada de críticas da sociedade.

Apesar de impressionante, não possui nada de luxuosa ou ostentadora. O projeto é simples, prático e integrador, o que condiz com o espírito engajado e contestador de Artigas, que era filiado ao extinto Partido Comunista Brasileiro (PCB). Com mais de 500 m2, a casa hoje se transformou no Instituto G Arquitetura, que abriga exposições, cursos e palestras.

Para homenagear Vilanova Artigas, que em 2005 completaria 90 anos, será lançado na próxima quinta-feira o livro Casa Vilanova Artigas Curitiba. Editado em português e inglês, com 74 páginas, a publicação apresenta detalhes da casa, comprada em 2003 pela arquiteta Gicele Portela, uma das idealizadoras do projeto.

Entre fotos, ilustrações, informações técnicas e curiosidades, vários arquitetos dão o seu depoimento sobre a importância do artista, entre eles Paulo Mendes da Rocha, Joel Ramalho, Key Imaguire Jr. e Irã Dudeque. Também participam o doutor em História da Arquitetura Marcelo Sutil e os filhos do arquiteto, Julio e Rosa Artigas.

De acordo com Gicele, o maior objetivo do livro é apresentar Artigas como um arquiteto local, apesar de ter consolidado sua carreira em São Paulo. "Ele foi muito importante para a arquitetura do Paraná, principalmente durante a década de 70. É importante que as pessoas saibam disso", afirma.

Para Irã Dudeque, Artigas foi um dos maiores arquitetos do país, ao lado de Oscar Niemeyer. "Ele tinha um método muito claro e organizado de trabalho, além de muita visão política. O seu estilo era uma metáfora da sociedade. O acabamento não era perfeito porque o país também não era", conta.

Em seus projetos, Artigas se preocupava com a funcionalidade e a integração entre as pessoas e os ambientes. Evitava corredores ou outros elementos que impedissem o encontro e abusava dos espaços abertos e pátios comunitários. "Embora, esteticamente, as casas pareçam frias, foram planejadas para o convívio humano. As pessoas se sentem acolhidas pelos espaços", explica o historiador Marcelo Sutil.

Apesar de o livro já ter sido lançado em São Paulo, no início de julho, o evento em Curitiba vai contar com atrações especiais. Uma palestra com a participação de alguns colaboradores do livro e a exposição da cadeira "Preguiça", criada por Artigas em 1945, fazem parte do programa.

* Serviço: Lançamento do livro Casa Vilanova Artigas Curitiba. Dia 1.º de setembro, a partir das 19 horas. Museu Oscar Niemeyer (R. Mal. Hermes, 999). Mais informações: (41) 3350-4418. Para agendar uma visita à casa, acesse o site www.garquitetura.com.br ou ligue para (41) 3016-1479.

Principais obras

Em São Paulo:

Sede da Faculdade de Arquitetura da USP (FAUUSP)

Estádio do Morumbi

Em Londrina:

A antiga Estação Ferroviária

Casa da Criança Cine Ouro Verde

Em Curitiba:

Hospital São Lucas

Casa Vilanova Artigas

Residência Niclievicz

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