A estreia de O Céu é de Verdade nos cinemas dos Estados Unidos em abril foi discreta. Entre Capitão América 2: O Soldado Invernal e Rio 2, o filme ocupou a terceira posição, cobrindo seu custo modesto (para os padrões de Hollywood) de US$ 12 milhões logo nos primeiros dias em cartaz.
Nas semanas seguintes, a produção, em cartaz no Brasil, manteve-se entre os líderes de arrecadação, chegando à quantia de US$ 90 milhões no fim de junho. O sucesso se deve ao público cristão norte-americano, composto por cerca de 75% da população do país.
A obra adapta a história real do pastor Todd Burpo (Greg Kinnear), que precisa lidar com as visões do filho de quatro anos, que alega ter visitado o céu durante uma cirurgia. A trama tem como base o livro homônimo de Burpo e Lynn Vincent, que se tornou um fenômeno nas livrarias norte-americanas em 2011.
O Céu é de Verdade passa boa parte do primeiro ato construindo o personagem de Kinnear. Representante típico do estadunidense de classe média, ele enfrenta o endividamento forçado pelos resquícios da crise econômica de 2008 mantendo vários empregos ao mesmo tempo.
Além de bombeiro, treinador de basquete e reparador de portões mecânicos, o protagonista também é pastor, conhecido pelos sermões bem-humorados e capazes de manter a igreja sempre cheia. Quando o filho (o jovem Connor Corum) revela que encontrou Jesus enquanto estava inconsciente de uma operação de apendicite, Burpo passa a questionar a própria fé.
Trama
Apesar de a proposta apontar para uma história existencial, o drama dirigido por Randall Wallace (de O Homem da Máscara de Ferro), prefere usar o filme para reafirmar dogmas protestantes. O cineasta, que estudou religião na universidade, usa a visão da criança como uma metáfora para a crença. Algo que só é definido pelo protagonista durante o sermão que serve de clímax para a obra.
O cuidado com o personagem de Burpo não reflete o dilema dos coadjuvantes. A personagem vivida por Margo Martindale, por exemplo, sofre com a morte do filho durante uma missão para o exército americano. Mas isso só surge na trama quando interessa ao diretor. Diante do resto do longa-metragem, o drama paralelo fica gratuito, especialmente pela menção militar, pouco pertinente e quase propagandística.
De olho no público gospel, em crecimento no mundo todo, Hollywood planeja lançar outras produções de cunho religioso no futuro. Há estúdios especialistas nisso, como é o caso da Affirm Films, que lançou no mercado home vídeo filmes como Desafiando Gigantes (2006) e Prova de Fogo (2008). O próximo título do gênero a estrear nos cinemas será Deixados para Trás, baseado na série literária de mesmo nome, com Nicolas Cage no elenco. GG
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