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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: REUTERS

Roteiristas de alguns episódios de "The Ali G Show" (do ator Sacha Baron Cohen, criador de Borat), Seth e Evan colocaram seus próprios nomes nos dois protagonistas e criaram uma comédia juvenil demolidora. Seth atuou em "O virgem...", protagonizou "Ligeiramente grávidos" e faz um policial em "Superbad", formando uma (hilária) dupla de tiras judeus com Bill Hader, que também atuou em "Ligeiramente...". "Superbad" (no original) é uma comédia autobiográfica, corrosiva e genial em alguns momentos. Amigos de infância, Seth e Evan começaram a escrever o roteiro ainda no ginásio, apenas pela curiosidade em saber se seriam capazes de realizar a tarefa. O resultado é simplesmente hilário.

Em "Superbad - É hoje", dois amigos inseparáveis - Seth e Evan - estão em vias de irem para universidades diferentes. Além da inevitável separação, eles têm a última festa do ginásio para se preocuparem. Chega o dia da festa e eles ainda não conseguiram ter sucesso com as garotas. Não sabem como lidar com elas, como falar, o que fazer. Ao mesmo tempo, isto apenas faz aumentar a fascinação exercida por elas no imaginário dos dois amigos. Chegar à faculdade ainda virgem será facilmente perceptível para as mulheres, o que arruinará logo de início os planos de ambos os aspirantes a uma vida sexual animada.

Os diálogos são ágeis e inteligentes e, mesmo flertando com a escatologia, o hedonismo e a misoginia em alguns momentos, cumprem perfeitamente seu propósito em causar empatia por seus personagens, fazer a trama avançar e o público rir às gargalhadas.Além de suas várias referências cinematográficas ("Star wars", principalmente), em "Superbad" há várias cenas e diálogos que mereciam entrar para uma antologia do humor moderno, no qual às vezes o subtexto da piada causa mais risos do que ela em si. O personagem de Seth e a atuação de Jonah Hill (amigo do verdadeiro Seth, com quem contracenou em "Ligeiramente..." e "O virgem...") são absolutamente geniais. Ele se agarra ferozmente ao papel, e é um prazer rir de todas as (muitas) barbaridades que ele diz. Como, por exemplo: quando Seth se oferece para comprar bebida, a dona da festa o convida dizendo "você coça minhas costas, eu coço as suas" (algo como "uma mão lava a outra"). Seth não pensa duas vezes: "O problema é que minhas costas ficam no meu pau". O politicamente incorreto no filme funciona muito bem, sem resvalar para a grosseria, bastante comum em filmes deste tipo. A sacada é mostrar que as barbaridades são ditas não para chocar e, sim, porque há uma completa falta de noção de como agir em relação ao sexo oposto.

Com atuações inspiradas e uma química perfeita entre os dois protagonistas, "Superbad" fecha com chave de ouro a trilogia sexual do homem americano. Se em "O virgem..." a graça estava nas complicações que um homem maduro tem em relação à descoberta do sexo, em "Ligeiramente..." tínhamos um sedutor e sua relação com uma gravidez inesperada e o comprometimento. Em "Superbad" temos o começo de tudo, a iniciação sexual de dois ginasianos prestes a entrarem na universidade.

Em comum nas três obras, além da equipe, uma nova forma - mais inteligente - de se fazer comédia. A graça e a baixaria seguem presentes, mas o cérebro agradece pelo riso com conteúdo. Não que Seth Rogen e Evan Goldberg tenham escrito uma tese de mestrado. O filme é bobo? Claro, maravilhosamente bobo. Mas seu relato contagia por sua propriedade, verossimilhança e sensibilidade. Sim, sensibilidade em unir graça, inteligência e ainda fazer um perfeito - e muito engraçado - estudo do objeto que retrata. Segundo declarou em entrevista recente, pouca coisa mudou para Seth: ele continua sem saber como lidar com as mulheres. Que, verdade seja dita, também riram bastante com o filme.

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