Em inglês, firewall é a palavra que designa os dispositivos que controlam o tráfego de dados de redes de informações. Esse é também o título do filme que estréia hoje nos cinemas de Curitiba, com Harrison Ford interpretando um firewall humano. A palavrinha também diz respeito ao clima high-tech que ambienta o que não é muito mais mais que um velho tipo de cinema de ação e suspense conservador, em defesa da família e contra o estado, digno das sessões fim-de-noite do Supercine.
O longa começa, situando o personagem principal, seus espaços e os personagens que o cercam. Jack Stanfeild (Ford) é um homem de meia-idade, honesto, responsável e bem casado. A mulher chama-se Beth, uma arquiteta talentosa, interpretada por Virginia Madsen, atriz responsável por Maya, a melhor personagem de Sideways Entre Umas e Outras. O casal tem um filho pequeno e uma filha na primeira adolescência (chicletes, fontes de ouvido na cabeça o tempo todo). No trabalho, Jack é auxiliado por uma simpática secretária (Mary Lynn Rajskub, de 24 Horas).
Problemas surgem em um jantar de negócios com Bill Cox, um executivo interpretado por Paul Battany (de Dogville). Enquanto discutem à mesa de um restaurante, uma equipe de assalto controlada por Cox seqüestra a família de Jack. O herói terá de desviar US$ 100 milhões das contas do banco para libertar os seus familiares.
O que segura o interesse na trama de Firewall não é um uso formalista e estilizado de linguagem, mas sucessivas pistas falsas e reviravoltas encadeadas por um roteiro fragmentado, aspecto reforçado pela edição rápida, com profusão nada econômica de cortes. Os momentos mais constrangedores resultam do excesso e redundância de diálogos, utilizados para explicar as próprias ações.
Por exemplo, Ford, sentado ao computador, começa a falar consigo mesmo para explicar o que está fazendo. Esse é também o motivo que parece justificar, em inúmeras cenas, a presença de peronagens secundários. Eles não fazem mais do que escutar os quase monólogos de Ford, que esmiuçam as armadilhas que o próprio roteiro filmou. O forte do filme está em algumas cenas de ação profissionalmente realizadas.
Não há muito interesse nas reflexões sobre redes de vigilância, apenas a constatação das implicações da superespecialização dos sistemas de comunicação. Em última instância, o filme deixa claro que a união da família e a força dos indivídos é o que garante a sobrevivência, não o estado (polícia). Os mecanismos usuais de segurança são inúteis. Personagens repetidamente chamam a polícia, mas ela nunca vem, nem mesmo na última cena, quando, como sempre, já é tarde demais e o civil teve de fazer o trabalho sujo por conta própria. GG1/2
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