Fortaleza – Acontece hoje à noite a cerimônia de premiação do 16.º Cine Ceará, que este ano ampliou seu tempo de duração para dez dias e abriu espaço para a produção de audiovisual ibero-americano. O evento final terá a apresentação hors-concurs do documentário ZA 05 – O Velho e o Novo, filme mais recente do cineasta argentino Fernando Birri, o principal homenageado do festival cearense em 2005. A fita mistura imagens das principais produções do cinema latino-americano e dos filmes realizados por estudantes da Escola Internacional de Cinema de Cuba, da qual Birri é um dos fundadores.

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Se prevalecer a qualidade artística dos filmes, o júri internacional do Cine Ceará – formado pelos jornalistas brasileiros Marcelo Janot e Marcelo Lyra, o diretor cubano Gerardo Chijona, o crítico argentino de cinema Jorge García e o crítico uruguaio de cinema Jorge Jellinek – deverá dividir os principais prêmios entre os longas-metragens Iluminados por El Fuego (Argentina), Play (Chile/Argentina) e El Custodio (Argentina/Uruguai). Os dois últimos citados foram apresentados na noite de terça-feira e, juntamente com o Iluminados por El Fuego (Tristán Bauer), mostraram-se muito superiores aos demais concorrentes – confirmando o bom momento do cinema argentino (incluindo as co-produções). Esta edição está sendo fechada antes da apresentação do filme peruano Madeinusa, de Claudia Llosa, programado para a noite de ontem.

Play, da diretora Alicia Scherson, é uma delicada produção que fala sobre sensibilidade e percepções da vida, contando a história de personagens perdidos em seus sentimentos numa Santiago contemporânea. Já El Custodio, do cineasta Rodrigo Moreno, é um exercício narrativo de cinema. A ação, ou mais precisamente a não-ação do filme se desenvolve em torno do cotidiano do personagem central, um guarda-costas de um ministro de estado argentino – silêncios e rotinas de tarefas transpassam para o espectador o sentimento do completo tédio de uma vida.

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Mas os jurados podem se sentir influenciados pelo clima de integração latino-americana que permeou todo o festival e promover uma "socialização" dos troféus Eusélio Oliveira, arrumando uma laureação para quase todos os filmes (são dez prêmios para 11 longas). Seria injusto, mas não impossível de acontecer.

Curtas

Foram poucos os destaques entre na mostra competitiva de curtas-metragens do Cine Ceará 2006 – dois documentários, Dos Restos e das Solidões (CE) e Viva Volta (PR); uma ficção, O Amor do Palhaço (CE); e uma animação, Deu no Jornal (DF).

Como eram muitos dias de eventos foi selecionada uma grande quantidade de filmes (26), a maior parte sem muita qualidade, quase que para preencher espaço na programação, que, por sinal, poderia ter sido mais enxuta e organizada. Teve dia em que apenas um curta foi apresentado; em outro, o público foi bombardeado com seis trabalhos de uma vez.

Os curtas ainda foram prejudicados pelo horário de veiculação, sempre depois dos longas-metragens principais – na terça-feira, a sessão chegou a acontecer depois da meia-noite, para apenas alguns corajosos espectadores.

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