Quarentão multimidia com pinta de garotão, Supla lança "Vicious", décimo CD de uma carreira discográfica iniciada em 1985 com o grupo Tokyo (de "Humanos" se alguém se lembra). Supla fez cinema, novela e o reality show Casa dos Artistas, onde se tornou popular explorando uma persona punk folclórica, ganhando fôlego para continuar na mídia e gravar novos álbuns.

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"Este é um disco bem punk, e bem rock, um pouquinho hardcore, mas não tou fazendo nada de original a não ser na letra e na melodia. As letras tratam de coisas atuais que estão acontecendo na minha frente como artista, eu acho importante dar um recado sobre o que está acontecendo na minha sociedade", diz ele.

O disco tem boas levadas, pé embaixo, na entrevista ele falou em Ramones, Clash, Johnny Thunder, Sex Pistols, é por aí, punk de raiz. Algumas são até bem oportunas, como em "Museu dos pobre", com erro proposital de concordância e "Chat-O-Log":- Você compra um iPod, coloca todas as suas músicas ali, só que, daqui a dois meses, vai ter que comprar uma nova coisa pro seu iPod e assim por diante. Estou dando um toque pra ir com calma, é uma crítica direta ao consumismo. Para a internet eu tenho "Chat-O-Log, uma crítica para não se ficar no computador o dia inteiro, vai tocar piano, fazer algo orgânico, praticar um esporte, ler um livro, pega leve, é só maneirar um pouco - diz ele. Chat-O-Log é o nome do foto log dele.

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O iPod e outros gimmicks da atualidade, como os celulares que fazem de tudo, até telefonar, a situação social e política brasileira inspiraram o nome do disco. "A palavra em inglês tema ver com maldade e com vício também, além de ser uma homenagem, a Sid Vicious e a Lou Reed. O disco se refere a várias coisas viciantes e maldosas," diz ele.

Tinha que sobrar para a imprensa e Supla diz que anda protestando nos shows contra a "manipulação da mídia", tema de música "Opinião".

- Eu nasci numa casa de intelectuais, mas atualmente estou queimando jornal e revista em show. Tem jornais que tem tendência de puxar pra um ou outro partido e não é de direita só não, de esquerda também, que já provou que não é santa dentro do governo Lula. O toque que eu dou pra garotada é que leia várias publicações para conhecer outras opiniões, pegar jornais na internet, tudo isso pra ter uma opinião formada e não ficar sendo um pau mandado.

Na contramão de todo esse discurso engajado está a música de trabalho, uma bobagem chamada "Eu só quero comer você".- Ela começa dizendo "eu não ligo mais pra nada", parece até alguma coisa séria, mas aí entra "eu só quero comer você", é totalmente punk.