O anúncio de que a série de TV "Survivor" dividirá seus participantes por critérios raciais abriu debate sobre até que ponto a segregação pode ser uma forma de entretenimento para levantar a audiência. A controvérsia em torno do programa da "CBS" começou depois do anúncio de que a próxima temporada, que começa semana que vem, terá "tribos" de brancos, negros, asiáticos, latinos e afroamericanos competindo entre si em uma ilha deserta, até sobrar um único sobrevivente vencedor de US$ 1 milhão.
Os produtores de "Survivor" asseguram que a idéia surgiu depois de muitos competidores terem orgulho de declarar suas cultura e etnia na TV. Para os participantes do programa, isso seria extremamente importante por considerarem que a TV pode ajudar a romper estereótipos, dizem os produtores.
Segundo críticos da idéia, a meta do programa seria não promover a diversidade mas, sim, a divisão. Para o apresentador de "Survivor", Jeff Probst, trata-se de uma "idéia inovadora". Mas ativistas e políticos dos quatro grupos raciais consideraram a idéia absurda e segregadora durante um manifesto esta semana em Nova York, em frente à sede da "CBS".
- Pedimos à "CBS" que cancele o programa. Sabemos que dará muita audiência mas também causará violência à nação, além de divisão de grupos étnicos - disse Fernando Mateo, um dos ativistas hispânicos que participou do protesto.
As acusações de que a rede "CBS" pretende elevar sua audiência se aproveitando de um tema tão sensível, como a tensão entre raças, se transformou em artigos de opinião publicados tanto nos principais meios de comunicação como em dezenas de blogs da internet. O próprio site da "CBS" tem opiniões para todos os gostos.
Entre elas, figura a de alguém identificado como FARTKNOCKER2, que diz: "Se a equipe dos negros ganhar o programa será ótimo, mas se perder poderão acusar os vencedores de racistas". Para outro internauta, avigil2, "má publicidade é boa publicidade e a CBS sabe o que faz".
Alguns seguidores do programa, no entanto, opinam que é exagerada a discussão e questionam por que não fizeram polêmica quando as temporadas passadas da série dividiu as equipes por sexo e idade.
"É incrível que a gente chame isso de racismo e não fale no sexismo das temporadas anteriores", disse um garoto de 17 anos no site da "CBS". "É só um programa de TV e a gente deveria assumi-lo como tal".
A especialista em TV do jornal "Santa Monica Mirror", Sasha Stone, classificou a nova temporada de "Survivor" como "uma aposta arriscada para a 'CBS' ganhar audiência". E não lhe faltam razão de dizer isso.
Os riscos já estão surgindo: o principal anunciante de "Survivor", a General Motors, anunciou que estará fora desta temporada e garantiu que a decisão "não está relacionada" com a polêmica racial já que foi tomada tempos atrás.
Outros anunciantes de temporadas passadas, entre eles Coca-Cola, Home Depot, United Parcel Service (UPS) e Campbell Soup, também divulgaram que estão fora da série mas a decisão tãopouco está relacionada com o novo critério dos produtores.
Para os críticos, ainda falta ver até onde vão os limites da indústria de TV e, sobretudo, se as divisões raciais de "Survivor" são apenas um precedente para outras polêmicas similares, como divisões religiosas ou de classes sociais.
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