Adaptações
Saiba de quais contos saíram as ideias para os cinco primeiros episódios da série Contos do Edgar:
1. "Berê"Baseado no conto "Berenice"
2. "Priscila"Adaptação de "Metzengerstein"
3. "Íris"Baseado em "O Coração Delator" e "O Ímpeto da Perversidade"
4. "Cecília"Adaptado de "A Máscara da Morte Rubra"
5. "Lenora""O Gato Preto" e "O Barril de Amontillado"
Um clássico do terror abrasileirado. É assim que o diretor-geral Pedro Morelli descreve sua criação, a série Contos do Edgar, coproduzida pela O2 e a Fox, que estreia nesta terça-feira, às 22h15, no canal por assinatura. Os cinco episódios de 30 minutos da primeira temporada são baseados nos contos do escritor americano Edgar Allan Poe (1809-1849). A adaptação manteve a essência das histórias do autor de "O Corvo", mas as ambientou numa sombria São Paulo do presente.
"O universo do terror, do suspense, é muito pouco explorado pelo cinema e pela tevê brasileiros", constata o diretor, de 26 anos, lembrando que a ideia da série foi motivada pela demanda por conteúdo nacional gerada pela nova lei da tevê paga.
Produtor executivo da série e diretor da O2, o cineasta Fernando Meirelles pediu a toda a equipe da produtora independente para desenvolver projetos que pudessem interessar aos canais de tevê por assinatura. Foi assim que Morelli, junto com os roteiristas Gabriel Hirschhorn e Vitor Brandt, criaram Contos do Edgar.
"Quis fazer terror com a nossa cara, um suspense tropical, fugindo dos clichês e convenções do gênero, buscando um caminho novo para causar medo e tensão", completa o diretor.
O protagonista Edgar, interpretado por Marcos de Andrade, foi criado como alter ego do escritor. Com um rosto bem brasileiro, ao mesmo tempo muito parecido com retratos do autor do século 19, o ator que há sete anos integra o elenco de Antunes Filho no Centro de Pesquisas Teatrais (CPT) foi descoberto num teste para outro papel. Estreante na tevê, com pouca experiência em cinema, Marcos demorou a entender por que foi escolhido para o papel, mas ficou mais confiante depois de assistir ao piloto.
"Ele mora de favor na dedetizadora de Fortunato, onde também trabalha. Esses dois personagens participam de todos os episódios. É um observador, mas, ao mesmo tempo, paira alguma suspeita sobre os dois. Há um mistério até nesse relacionamento, que só será revelado no quinto episódio", adianta Marcos.
Fortunato é interpretado por Danilo Grangheia, outro tarimbado ator de teatro, integrante do Grupo Galpão do Folias desde 2005.
"Sem perder esse tom tenso e macabro, que se encaixa tão perfeitamente numa cidade como São Paulo, a série tem um senso de humor irônico, principalmente o Fortunato. Quando rimos, ficamos mais vulneráveis, ou seja, o medo ou o susto tende a ser maior", analisa o diretor.
Assim como Marcos e Danilo, quase todo o elenco veio dos palcos paulistanos. A exceção é a cantora Gaby Amarantos, que faz sua estreia como atriz no primeiro episódio da série como Berenice, uma cantora de música brega infeliz por causa de seus dentes feios.
"No conto original, Berenice era uma aristocrata, e a transformamos numa cantora que trabalha num bar decadente", explica Morelli, elogiando a performance de Gaby como atriz.
Cada episódio tem como título o nome de uma mulher. O diretor adianta que a personagem-título é sempre a vítima: "São as musas fúnebres de Edgar Allan Poe", explica.
A série mostrará sempre uma imagem Poe, vista entre uma ou outra tomada feita numa das locações de São Paulo. A inspiração para a brincadeira veio do mestre do suspense no cinema, Alfred Hitchcock, que tinha o costume de fazer aparições furtivas em seus filmes.