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É fácil se identificar com o universo afetivo e o tom alentador de Canções de Apartamento, o disco de estreia de Cícero. Sofrido e ao mesmo tempo solar, o álbum que projetou o cantor em 2011 termina transcendendo (por sinal, propondo continuidade a seu sucessor)–: "mas quem se importa? é sexta-feira, amor!"

Sábado, mais livre, abstrato e singelo em suas letras, plano e minimalista em sua estrutura e fragmentário e sutil em suas ideias musicais, tem algo de ressaca do dia seguinte. Suas melodias são novamente bonitas, mas, desta vez, soam hesitantes e inconclusivas; não têm clímax nem os refrões poderosos de Canções.... Seus 29 minutos foram concebidos para remeter a um certo espírito de final de tarde com seus espaços e timbres climáticos. Uma espécie de limbo, que, interesse estético à parte, têm êxito em traduzir.

Por isso mesmo, a identificação que o novo trabalho de Cícero propõe é desconfortável e mais melancólica – portanto, mais difícil. Sábado oferece pouco para quem quer extravasar seus pequenos dramas e apresenta introspecção, incerteza, angústia e coisas casuais. "A lá/ a vida/ sendo/e sendo", diz, em "Capim-limão". Em "Pra Animar o Bar", fala em "encontrar sentido/ desapercebido". Pode parecer pouco, mas convém lembrar.

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