Ithamar Kirchner vive Matos Costa, pacificador que tenta dialogar com os fiéis| Foto: Divulgação
Euzébio (à esq.) e o monge: visões bem diferentes do conflito
A milícia de sertanejos liderados por Maria Rosa, líder espiritual e militar

Se há seis anos a teledramaturgia praticamente inexistia no Paraná, hoje, ela tem um forte propulsor no quadro "Casos e Causos", da RPC TV, que ultrapassa os 250 episódios. O resultado tem sido conferido em várias boas produções no domingueiro Revista RPC, como é o caso da microssérie em três capítulos A Guerra do Contestado, que estreia neste domingo.

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A Gazeta do Povo teve acesso ao material pré-finalizado, que, no total, tem 75 minutos, ou seja, poderá ser exibido no futuro no formato de longa-metragem.

A trama da série remete a personagens reais do embate armado que foi um dos mais sangrentos da história do país, e acrescenta conflitos ficcionalizados. Estão lá a Menina Santa Maria Rosa (Annelise Mileo), que transita entre líder espiritual e guerreira, e o ex-militar Euzébio (Gerson Delliano), que vive um conflito interior no drama histórico.

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A região chamada na virada do século 20 de "Con­testado" envolvia o sul do Paraná, na região onde hoje estão os municípios de Rio Negro, Itaiópolis, Três Barras, União da Vitória e Palmas, e o noroeste de Santa Catarina. Encerrado em 1916, após quatro anos de enfrentamentos de civis e militares em que até 30 mil camponeses teriam sido mortos, com a demarcação de divisas entre o Paraná e Santa Catarina, o conflito é muitas vezes apresentado como puramente territorial, mas o filme deixa clara a influência do messianismo sertanejo.

O ajuntamento de camponeses começa quando os operários da ferrovia São Paulo-Rio Grande do Sul, que cruza o Paraná, são expulsos após o término das obras. Euzébio era um deles, e, como muitos, une-se a fiéis do monge José Maria (Nautilio Portela), que prega o retorno da monarquia.

Paralelamente, a série mostra a família de Firmino e Isabel (Louri Santos e Alana Sales), que erra pelos campos atrás de sustento e encontra no bando do monge um refúgio – escolha que depois se revela um passaporte para a violência.

A boa escolha dos atores principais contribui para sustentar o roteiro de Marcos Souza, que se permite sutilezas como um capitão do Exército que tenta o caminho do diálogo para encerrar a revolta messiânica.

Como em outros episódios do quadro, foram recrutados profissionais do teatro, da publicidade e da televisão do Paraná. Na direção, o telespectador poderá perceber diferenças de estilo em cada episódio, já que cada um leva uma assinatura: a de Marcus Werneck – que comanda os "Casos e Causos" desde o início –, do cineasta Beto Carminatti e do publicitário André Siqueira.

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Foram envolvidas mais de 400 pessoas nas filmagens, entre figurantes e equipe técnica. A trilha é de Felipe Lopes, da RPC TV, e foi executada pela Orquestra Sinfônica do Paraná numa parceria inédita.

A microssérie A Guerra do Contestado tem ainda um fundo educativo. Em suas falas, os personagens citam episódios da história nacional, como a Revolução Federalista (1893-1895) e empunham a bandeira dos "fanáticos" do Contestado, com uma cruz verde. A força policial e os militares retratados usam fardas que reproduzem as roupas da época, confeccionadas na vila militar de Curitiba.

Audiovisual

Além de buscar aprimorar a qualidade dos curtas que apresenta a cada domingo, a RPC TV, que integra o grupo GRPCom, do qual também faz parte a Gazeta do Povo, investe para que todo o mercado local de curtas-metragens e documentários se desenvolva.

"Apoiamos cursos de roteiro, festivais de cinema no estado e investimos em equipamentos", diz o diretor de produção da emissora, Carlyle Ávila. "Mas precisamos de bons roteiros", avisa. "É o começo de um filme bom."

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O curta mais premiado exibido pelo programa até o momento é A Fábrica, de Aly Muritiba, que tem chances de ser indicado ao Oscar e foi produzido em parceria com a produtora Grafo Audiovisual.