Mais de 20 anos se passaram desde que Suzanne Vega se transformou de trovadora e cronista do bairro nova-iorquino do Greenwich Village em superstar internacional, com a explosão de "Luka", tristíssima canção sobre um garoto que apanha em silêncio dos pais.
Há tempos fora das paradas de sucesso, mas com uma sólida base de fãs mundo afora, a cantora, compositora e poeta norte-americana nascida na Califórnia, mas fortemente ligada à cena musical e literária de Nova Iorque é um dos grandes nomes da música folk da atualidade. Tanto que foi a primeira artista a se apresentar ao vivo no ambiente virtual Second Life. Apesar de todo esse prestígio, Suzanne andava afastada do mercado fonográfico muito por conta da pouca repercussão comercial de seu último CD, Songs of Red and Grey, de 2001).
Depois de seis anos e de romper com a gravadora A&M, ela está de volta e agora com ótimo Beauty and Crime, lançado pelo prestigioso selo de jazz Blue Note, o mesmo dos três álbuns de Norah Jones.
Embora traga em sua capa imagens de uma Suzanne Vega mais sensual e algo fatal, fazendo referência às estrelas de cinema dos anos 30 e 40, musicalmente a artista fez questão de reafirmar características que sempre marcaram sua obra. Sobretudo sua ligação com Nova Iorque.
Desde que seu penúltimo CD chegou às lojas, a metrópole norte-americana passou por pelo menos um evento definitivo em sua história secular: os ataques do dia 11 de setembro. A tragédia, sobretudo aquela que se abateu sobre as pessoas, independentemente de origem étnica, orientação sexual ou classe social, está no cerne da canção "Anniversary". ""Zephyr And I" também se remete à triste data, citando em sua letra "o monumento ao bombeiro, ao qual todos os adolescentes orfãos vão". O tom da melodia é de otimismo, contrastando com a letra, melancólica e extremamente tocante.
A "cidade que nunca dorme" também se faz presente e de forma explícita em "Now York Is a Woman", na qual a artista discute o caráter feminino do lugar que escolhe para viver, e em "Angels Doorway".
"Edith Whartons Figurines", homenagem à celebre escritora norte-americana, discute a vaidade das mulheres, criando uma ponte com a contemporaneidade ao falar de Olivia Goldsmith, autora que morreu por conta de complicações decorrentes de uma cirurgia plástica mal-sucedida.
A melhor faixa do disco, no entanto, é "Frank and Ava", um brilhante estudo poético e musical do turbulente relacionamento amoroso entre Frank Sinatra e Ava Gardner, dois mitos do show biz americano. GGGG
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