Talentos da dança clássica e contemporânea de Curitiba estão de malas prontas para aperfeiçoar sua arte em duas conceituadas instituições norte-americanas. A bacharel e licenciada em Dança Gladis Tridapalli, de 32 anos, e o bailarino Alexandre Scupinari, 16, foram selecionados entre vários candidatos de outros países do mundo para freqüentar dois diferentes centros de dança nos Estados Unidos.
Gladis será a primeira a embarcar, na segunda-feira (20). De 21 de agosto a 12 de setembro, a artista fará residência em dança coletiva no Omi International Arts Center, cuja sede fica em uma chácara em Ghent. Este centro sustenta-se do encontro de artistas de todo o mundo em diversas linguagens como arquitetura, pintura, dança contemporânea, etc.
A profissional se abriu à possibilidade de conquistar uma vaga tão disputada ao perceber que a experiência poderia ser de grande valor à conclusão do mestrado que está terminando na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Estudos Investigativos Compartilhados no Ensino na Graduação. "Era tudo o que eu estava precisando neste momento. Vi que tinha muita coisa relacionada pulsando", conta Gladis.
Ela foi a única brasileira selecionada para integrar o grupo. Serão 20 dias dormindo, acordando, estudando, criando e interagindo com outros nove profissionais da dança de países como Japão, Índia, Alemanha, Coréia e do próprio Estados Unidos. "A dança coletiva passa pela experiência de observar e ser observado, de lidar com idéias, argumentos, de formular questões no corpo a partir da relação, contato, experiência com a pesquisa de outros artistas. Será uma troca de conhecimento que vai ajudar a refletir, a ver as questões em outros contextos", afirma. O resultado da criação de cada um será apresentado em um teatro em Nova Iorque, onde o grupo permanecerá pelos últimos dois dias da residência.
Nos Estados Unidos, Gladis terá toda a estadia e alimentação custeadas pelo Omi. Já as passagens aéreas foram garantidas por meio do Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do Ministério da Cultura. "A gente concorre pelo currículo e pela importância que a viagem tem para o Brasil. Devo muito esta aprovação à Casa Hoffmann. Afinal, faz quatro anos que venho me relacionando com importantes professores de nível mundial. E agora nos dois últimos anos, graças ao seu atual programa de pesquisa, que está mais específico, pude desenvolver as competências necessárias para pesquisa e compartilhamento. Isso fez diferença", avalia.
Ballet clássico
O bailarino Alexandre Scupinari, 16, começa, a partir do dia 5 de setembro, o curso de inverno da School of American Ballet (SAB), a mais tradicional escola de dança clássica dos Estados Unidos. No último dia 2 de julho, ele embarcou para Nova Iorque para participar de uma audição junto a aspirantes a bailarinos de diferentes cidades americanas. Alexandre foi selecionado e garantiu uma bolsa de um ano na instituição, celeiro de grandes nomes na área como Fernando Bujones, Julio Bocca, Suzan Farrel, Peter Martins e Paloma Herrera. O retorno aos Estados Unidos para iniciar os estudos deve acontecer no início de setembro.
O curitibano entrou para o mundo da dança aos sete anos de idade em um grupo folclórico ucraniano. Há três, segue os passos do ballet clássico. "A dança entrou na minha vida sem muitas pretensões e o ballet foi uma evolução natural para me aperfeiçoar. Estou muito feliz de ter conquistado esta aprovação na School of American Ballet, uma das mais renomadas do mundo na arte da dança", afirma Alexandre. O bailarino terá aulas de técnica clássica, caráter, repertório, música e musculação. "Estou otimista e vou me dedicar muito, pois é uma chance única, que muitos sonham em ter", diz.
Para Rita de Cássia Monte Correia, que é diretora da academia Petit Ballet, em Curitiba, onde Alexandre faz seus treinamentos, mesmo com pouca experiência na dança clássica o rapaz se destaca pelo refinamento de sua técnica e fácil assimilação dos passos, considerados atributos essenciais em um cenário tão competitivo. "A dança clássica evoluiu muito e surgem diariamente talentos em toda a parte do mundo. Invariavelmente, essas pessoas vão aos Estados Unidos seguir carreira, já que é o país que oferece a infra-estrutura mais adequada e reúne os melhores dançarinos e professores do mundo".
Atualmente, o SAB treina 325 meninos e meninas com idades entre oito e 18 anos para a carreira de dançarinos profissionais em companhias de ballet, grupos de dança e de espetáculos, como os da Broadway. Além das aulas, os estudantes têm a oportunidade de se apresentar anualmente em um dos palcos mais prestigiados do mundo, o teatro do New York City Ballet, no Lincoln Center. Alexandre é mais um brasileiro que está iniciando o seu caminho em terras estrangeiras e que, no futuro, poderá repetir o sucesso de outros brasileiros, como Marcelo Gomes, primeiro bailarino do American Ballet Theatre, e Thiago Soares, principal dançarino do Royal Ballet, de Londres.
STF inicia julgamento que pode ser golpe final contra liberdade de expressão nas redes
O Marco Civil da Internet e o ativismo judicial do STF contra a liberdade de expressão
Plano pós-golpe previa Bolsonaro, Heleno e Braga Netto no comando, aponta PF
Putin repete estratégia de Stalin para enviar tropas norte-coreanas para a guerra da Ucrânia
Deixe sua opinião