As máscaras são uma especialidade da commedia dell’arte e conferem uma estética especial à peça| Foto: Divulgação

Se depender do italiano Roberto Innocente e seu grupo Arte da Comédia, as crianças brasileiras crescerão sabendo tudo sobre a commedia dell’arte. Esse gênero de teatro que data do século 15 é íntimo dos bambini de seu país. Segundo o diretor, não há criança que não conheça o arlequim ou a colombina, que se confundem com as máscaras do carnaval veneziano.

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O gênero não é infantil, mas Innocente traduziu um texto de Gianni Rodari, que ele próprio ajudou a montar há 20 anos em sua terra natal, todo adaptado para crianças a partir de 7 anos.

A História de Todas as Histórias, que agora estreia no Teatro Regina Vogue, foi inspirado no aspecto lúdico da infância. A peça fica em cartaz até 30 de outubro, todos os sábados e domingos, às 16 horas.

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Todo o cenário sugere brincadeira, como se o espectador entrasse num quarto de criança, com objetos que ganham simbolismo pelo uso artístico. "É como voltar a brincar com coisas simples num mundo cheio de equipamentos eletrônicos", disse Innocente à Gazeta do Povo.

A presença das máscaras na commedia dell’arte sugere um teatro infantil, mas, em geral, esse gênero contém piadas de cunho sexual. O que, obviamente, foi suprimido no espetáculo.

Personagens

Na trama, quatro personagens típicos da commedia dell’arte surgem no palco: Arlequim, Pulcinella, Doutor e Colombina. Aparecem ainda ao longo da peça o Pantaleão e o Pierrot.

As crianças serão introduzidas à personalidade desses personagens: o Arlequim, por exemplo, é curioso mas medroso, enquanto a Colombina é mais madura e conciliadora.

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Eles ouvem uma voz misteriosa e partem por um caminho desconhecido em busca dela. Passam então, pelo mundo dos medos, onde encontram os temíveis "ho­­­mens do saco". Fogem pelo "mercado das palavras", passando pela Ilha dos Contos e dão de cara com um tubarão do qual se apiedam. No fim da jornada é que virá a grande surpresa...

"A história fala do nascimento da criança e de sua descoberta de que é uma pessoa, passando por etapas de evolução, entre palavras, o corpo e as relações", explica o diretor.

Nascido no berço da commedia dell’arte, Pádua, Innocente vive há 30 anos desse trabalho, cujo amor recebeu de mestres italianos. "É impossível não se apaixonar", sentencia.

Innocente se ressente um pouco de ver tão pouco conhecimento no Brasil sobre esse gênero de que tanto gosta. "Há poucos livros publicados aqui, e pouca gente pesquisa para conhecê-lo a fundo", diz.