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Cênicas

Teatro made in Brasil

Participação de artistas brasileiros se intensifica nos principais festivais de teatro europeus. Curadores apostam em crescimento nos próximos anos

Grupo Armazém integra mostra no Festival de Edimburgo | Divulgação
Grupo Armazém integra mostra no Festival de Edimburgo (Foto: Divulgação)

Entre maio e setembro, a primavera e o verão europeus concentram os mais importantes festivais de artes cênicas do mundo, como o Kunsten Festival des Arts, que acontece em maio, na Bélgica, o Festival de Avignon, em julho, na França e o de Edimburgo, na Escócia, em agosto. Se a participação brasileira sempre se restringiu a convites episódicos e espaçados, 2013 parece ser o ano da virada. Não só porque "todo mundo está de olho" no Brasil devido aos grandes eventos que chegam ao país em 2014 (Copa do Mundo) e em 2016 (Olimpíada), mas porque há um estreitamento nas relações entre artistas, produtores e programadores daqui e destes festivais.

Será a primeira vez, por exemplo, que o Brasil terá uma mostra dentro da programação aberta de Edimburgo. Idealizada pelo produtor Sérgio Saboya, a série vai exibir, entre 3 e 25 de agosto, seis peças de grupos como Armazém Cia. de Teatro, Amok, Gilberto Gawronski, Cia. Balagan, Cia. Caixa de Elefante e Teatro Máquina.

"É uma oportunidade de chamar a atenção e negociar com os principais programadores do mundo. É um investimento", diz Saboya.

O produtor se refere aos custos de estadia e o aluguel do espaço de apresentações, que serão divididos pelos grupos, enquanto ele arcará com as despesas aéreas.

"Foi o jeito de viabilizarmos essa mostra, que ocorreria também em Avignon, mas passamos para 2014", diz. "Hoje, tudo o que se refere ao Brasil gera interesse, mas ainda não temos políticas públicas que visem ao intercâmbio entre o teatro brasileiro e os maiores eventos do mundo. Países como a Nova Zelândia ou a África do Sul têm mostras anuais incentivadas pelo governo. É quase didático entender a importância disso."

E Paulo de Moraes, da Armazém, corrobora: "Apostamos na visibilidade. É a maior vitrine entre os festivais europeus. Uma mostra brasileira chama a atenção e pode abrir mercados."

Turnês

No entanto, o entourage brasileiro não se restringe a Edimburgo e nem a Portugal, que receberá, entre maio e junho, 39 espetáculos verde-amarelos por conta do Ano do Brasil em Portugal, organizado pela Funarte. Entre os artistas que aproveitam a ponte portuguesa e seguem na Europa está a diretora Christiane Jatahy. Até junho, a peça Julia irá circular por festivais como o belga Kunsten e o austríaco Wiener Festwochen, e em outubro continua em marcha por festivais na França, Suíça, Holanda e Espanha.

"A dimensão do que está acontecendo é incomparável. Foram muitos convites", afirma Christiane. "Sinto que isso é o reconhecimento de uma pesquisa artística que os curadores vêm acompanhando já há um tempo. É importante que as investigações teatrais daqui reverberem lá fora. E cada participação nesses festivais aumenta a chance de novos convites."

Companhias como a Hiato, o Club Noir e o Foguetes Maravilha, além de nomes da dança, como Bruno Beltrão, também têm agenda na Europa. Diretor artístico do Kunsten Festival, que já recebeu espetáculos de dança e de teatro de Lia Rodrigues, João Saldanha e Enrique Diaz, Christophe Slagmuylder diz que a intenção do evento é estreitar este vínculo. Em 2013, o Kunsten apresenta, além de Julia, a estreia mundial de Crackz, de Bruno Beltrão, e De Repente Fica Tudo Preto de Gente, de Marcelo Evelin.

"Nossa relação começou com a dança contemporânea brasileira, que considero uma das mais vibrantes do mundo. Tínhamos pouca informação sobre o teatro, mas depois encontramos o mesmo senso de liberdade e flexibilidade nas criações de Enrique Diaz e na nova geração, como o Foguetes Maravilha e a Cia. Hiato. Eles têm muito potencial e serão acompanhados de perto."

Curador do Wiener Festwochen, Matthias Pees também observa um fortalecimento da cena teatral brasileira. "Assim como a dança, ela se diversificou, e acho que teremos uma presença brasileira cada vez mais intensa", diz.

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